O "esquenta" dos protestos a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff reuniu neste domingo manifestantes em pelo menos dez capitais, além do Distrito Federal. O objetivo de organizadores como o Vem pra Rua e o Movimento Brasil Livre (MBL) foi utilizar os atos como um preparativo para manifestações maiores.
Os
movimentos anunciaram a data do próximo ato: 13 de março de 2016. "Se a
Dilma não cair até lá, nós vamos derrubá-la em março do ano que vem",
bradava Marcello Reis, líder do Revoltados Online, de cima do carro de som na
Avenida Paulista, em São Paulo. O objetivo dos grupos é conseguir uma
mobilização do mesmo tamanho da do último dia 15 de março, que levou mais de 2
milhões de pessoas às ruas de todo o Brasil. "Vamos juntar milhões. Por
isso começamos a divulgar desde já".
A
Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que 36.500
pessoas participaram de manifestações pelo impeachment da presidente Dilma
Rousseff no Estado de São Paulo - 30.000 somente na capital. Alguns políticos
da oposição circularam pelo ato em São Paulo e foram bastante tietados pelos
manifestantes. Foi o caso do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que chegou a
discursar no carro do Vem Pra Rua: "Eu estou aqui pra dizer que não vai
ter golpe, mas o impeachment. A crise tem nome e sobrenome: Dilma
Rousseff", disse ele. Além do senador, o secretário de Desenvolvimento
Social do governo de São Paulo, Floriano Pesaro, e o pré-candidato à prefeitura
da capital João Doria Jr também compareceram à manifestação.
O
senador José Serra também marcou presença e discursou no palanque do Vem pra
Rua. "Eu acredito que todos vocês vão tirar o Brasil dessa situação. No
Congresso, nós estamos lutando pela mesma coisa", disse. O senador foi
anunciado como um dos "políticos mais queridos dos paulistanos".
Alguns minutos depois, falou o também tucano João Doria Jr: "Não falo aqui
como pré-candidato a prefeito, mas como cidadão brasileiro. O Brasil não
aguenta mais tanta corrupção e sem vergonhice".
Além
dos tucanos, o senador Ronaldo Caiado (DEM) também esteve no protesto na
Avenida Paulista. Ele foi bastante assediado pelos manifestantes, que se
empurravam com os seguranças do parlamentar para conseguir uma selfie com ele.
"Ele é o nosso grande líder no Senado", exclamou um dos porta-vozes
do Acorda Brasil quando Caiado passou próximo ao carro de som do grupo.
Delegados
da Polícia Federal também discursaram no trio elétrico do Vem pra Rua. "A
Lava Jato é um patrimônio do povo brasileiro", gritou um deles. Os
manifestantes, por sua vez, exibiam cartazes e camisetas de apoio ao juiz
federal Sérgio Moro, que conduz a Lava Jato na primeira instância. "Somos
do PSM - Partido Sérgio Moro", dizia uma das cartolinas. Outros
participantes do ato vestiam a máscara do agente Newton Ishii, conhecido como o
"japonês da PF".
No
carro do Vem Pra Rua, ainda discursaram os juristas Miguel Reale Junior e Hélio
Bicudo, que assinaram o pedido de impeachment da presidente acolhido pelo
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no último dia 8. O Brasil não
pode permanecer nas mãos do PT. Lula, você não é dono do Brasil. O Brasil é
nosso. Na boca do povo, só há uma palavra: impeachment", exclamou Bicudo,
inflamando o público que o ouvia.
Os
manifestantes já foram às ruas em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife,
Salvador, Belo Horizonte, Belém, Maceió, Florianópolis, Porto Alegre, Macapá e
Ribeirão Preto, entre outras cidades. A maior parte dos protestos até agora
reuniu na casa de milhares de pessoas, número menor do que nos atos anteriores.
Os eventos deste domingo foram convocados às pressas, depois que Cunha acolheu
o pedido de impeachment.
No
Rio de Janeiro, em torno de 8 000 pessoas foram às ruas de Copacabana -- havia
mais gente na avenida do que na praia, mesmo com um calor de 33 graus na zona
sul carioca. Em Brasília, a manifestação reuniu cerca de 3 000 pessoas e foi
dispersada por uma forte chuva, por volta de meia dia e meia.
O
Palácio do Planalto e a oposição observam com atenção os desdobramentos das
manifestações. Tanto um lado como o outro consideram que o agravamento da crise
e os desdobramentos da Lava Jato têm o potencial de inflamar as ruas. "As
manifestações são normais em um regime democrático. Tudo dentro da normalidade
em um país democrático, que respeita a legalidade, que respeita as
instituições. Um Brasil que estamos construindo com muita dedicação
democrática", disse o ministro da Secretaria de Comunicação Social
(Secom), Edinho Silva. (Veja.com)
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