'Agosto Lilás': Brasil registrou mais de 1.400 feminicídios em 2024; ciclo da violência repete padrões e pode ser fatal, alerta psicóloga


Segundo o 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado no mês passado, em 2024, 1.492 mulheres foram assassinadas apenas por serem mulheres no Brasil, uma média de quatro feminicídios por dia. Além disso, 3.870 tentativas de feminicídio foram registradas, representando um aumento de 19% em relação a 2023. Na Paraíba, de acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, foram registrados 19 feminicídios só no primeiro semestre de 2025, esse é o segundo pior índice dos últimos 10 anos. 


O mês de agosto é marcado pela campanha ‘Agosto Lilás’, voltada à conscientização e ao combate à violência contra a mulher. Este ano, o lema escolhido – “Não deixe chegar ao fim da linha. Ligue 180” – reforça a necessidade de romper o ciclo da violência antes que seja tarde.


A psicóloga da Hapvida, Michelle Costa, relata que muitas vítimas acham que o abusador irá mudar. “Ele demonstra arrependimento, chora, fala das mudanças, pede oportunidades e envolve a vítima emocionalmente. Porém, o ciclo de violência se repete e as agressões sempre aumentam”, afirma. 


Michelle explica que a violência, em todas as suas esferas, atinge diretamente a autoestima, o desenvolvimento emocional assertivo, a socialização, dentre outras questões. E que, embora alguns tipos de violência não deixem marcas visíveis, elas vão minando a autoconfiança da vítima, contribuindo para o isolamento social, crises de choro, estado constante de alerta e desequilíbrios emocionais. Muitas mulheres, mesmo sem relatar abertamente as agressões, apresentam esses sinais. 


Tipos de Violência – A Lei Maria da Penha, que completa 19 anos neste mês, estabelece cinco formas de violência doméstica e familiar contra a mulher: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. A violência física compromete a integridade corporal da mulher e pode se manifestar por meio de empurrões, apertões e, em casos mais graves, agressões com armas brancas ou de fogo. A psicológica, por sua vez, ocorre quando o agressor atinge o estado emocional da vítima, fazendo com que ela duvide da própria sanidade. Dados do 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública relataram que 51.866 casos de violência psicológica foram registrados em 2024.


A violência sexual vai além do estupro e envolve qualquer prática sexual sem o consentimento da vítima. Já a patrimonial se caracteriza pela retenção, destruição ou subtração de bens, documentos ou recursos financeiros da mulher. Por fim, a moral diz respeito a atos que ferem a honra da vítima, como injúrias, calúnias e difamações.


Todos esses tipos de violência podem ocorrer de forma isolada ou simultânea, tornando ainda mais difícil o rompimento do ciclo abusivo. Diante desse cenário, a rede de apoio se torna fundamental. Familiares, amigos, profissionais de saúde e instituições públicas ou privadas podem oferecer suporte emocional, jurídico e psicológico. “O apoio vindo de todos os lados, nas diversas áreas, faz com que a vítima se sinta segura em denunciar e tomar as providências cabíveis, se necessário”, aponta a psicóloga.


Michelle também orienta sobre os cuidados que pessoas próximas devem ter ao oferecer ajuda, evitando que novas agressões aconteçam. “É necessário garantir um ambiente seguro, longe do agressor. O incentivo ao acompanhamento psicológico é essencial para lidar com a dependência emocional, muitas vezes presente nessas relações. Além disso, é importante orientá-la a buscar apoio jurídico e financeiro, bem como solicitar medidas protetivas, que são fundamentais para sua segurança e autonomia”, relatou. 


Denúncia – Para facilitar esse acolhimento, a Hapvida, em parceria com a ONG ‘As Justiceiras’, possui uma plataforma de denúncias, o ‘Canal Delas’. Ele funciona 24h por dia, de forma sigilosa e, se desejado, anônima, permitindo que vítimas relatem situações de violência e sejam encaminhadas para os atendimentos adequados. O acesso pode ser feito pelo link: https://linktr.ee/canaldamulherhapvidandi.


(*) Ascom

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