LUCRÉCIO: Um genial craque do futsal guarabirense – Por Vicente Barbosa

Foto: Divulgação / Facebook / Vicente Barbosa. 

Tive a felicidade e privilégio de alcançar de perto as três gerações que fizeram parte do futebol de salão guarabirense:  1960, 1970 e 1980. Os mais jovens talvez não saibam que o futebol de salão praticado em Guarabira, foi considerado no passado, um dos melhores do estado da Paraíba. 

Foi na velha e saudosa quadra Augusto de Almeida, situada por trás da Catedral N.S. da Luz (hoje não mais existente) que começou os primeiros campeonatos da bola pesada na " Terra da Luz."  As primeiras equipes surgidas e que rivalizavam-se entre si foram: Coqueiral e Ouro Preto, depois apareceu o Banco do Comércio de Campina Grande (filial Guarabira). 

Cada década que passava surgiam novos craques que brilharam em suas respectivas equipes. O primeiro deles foi Fernando de Fausto exímio driblador. Um artilheiro nato, ídolo da garotada que torcia pela equipe alvinegra do Banco do Comércio. 

A partir de 1967, um novo clube de futsal passou a brilhar soberanamente na quadra Augusto de Almeida o Cruzeiro E.C.;  Essa equipe azul tinha no seu plantel jogadores como: Marlinto (goleiro), Totonho ,Zé Barbosa, Bega, Mazinho Leite, Robertinho Araújo e Lucrécio. Esse último era diferenciado pelas qualidades que possuía. Essa agremiação orgulhou por muito tempo o futsal da " Rainha do Brejo," excursionava sempre por toda região do brejo colecionando resultados extraordinários a cada jogo vencido. O Cruzeiro conseguiu no seu tempo um feito quase impossível derrotar o todo poderoso Cabo Branco (da capital). O alvirrubro de Miramar  era imbatível no futsal paraibano, mas, caiu por 3x 2 frente o Cruzeiro. Numa noite inesquecível o time comandado por Geraldo Pereira venceu com essa escalação: Chiquinho, Zé Barbosa, Bega, Totonho e Lucrécio.

Tivemos ao longo do tempo grandes destaques como bons jogadores em Guarabira, mas, quando se trata do maior deles Lucrécio é uma unanimidade. Jovem descontraído e brincalhão, barba sempre por fazer, acima do peso, daí o apelido carinhoso de "gordo Lucrécio". Quem o via jamais diria que aquele biotipo fora do padrão atlético existia um genial jogador possuidor de inteligência 3 (habilidade singular). 


Lembro- me de sua participação nos famosos " Jogos da Primavera", no final da década de 1970, atuando pelo Colégio Estadual de Guarabira contra o valoroso IPEP colégio dirigido por dona Maria Bronzeado. As arquibancadas do Ginásio do Astrea fora totalmente tomadas pela torcida do IPEP, que gritava em coro: matutos, matutos, matutos, xingamentos dirigidos ao Colégio Estadual. Sentado na arquibancada, ao lado do amigo Deda de Valdo, pensei comigo: tão cutucando o cão com vara curta, e eu tinha razão. O quinteto alviverde de João Pessoa contava no elenco com Gama (primo de Júnior do Flamengo) um craque acima da média. Mas, nessa noite quem brilhou foi a estrela de Lucrécio. Num lance de gênio, quase da linha de fundo, Lucrécio conseguiu acertar um foguete num espaço mínimo entre o goleiro e trave  era o terceiro gol. O silêncio emudeceu o ginásio. Vitória maiúscula e inquestionável do Colégio Estadual mostrou como se jogava futsal. 


Foi no legendário time do C.E.G .que mostrou suas qualidades de craque excepcional qualidades de craque. Sua visão de jogo era algo impressionante, achava espaço que ninguém conseguia ver, deixando os companheiros (Gilson, Miltinho e Gil) cara a cara com o goleiro adversário. Foram muitos os gols assinalados pelo C.E.G como os 15 x 1 no Boa Compra, ou os 11 x 1 no Regina Coeli, cuja as jogadas iniciava pelos pés de Lucrécio. 


Esse craque do futsal guarabirense talvez tenha nascido no tempo errado, pois hoje pelo futebol que praticava no seu tempo tinha espaço garantido em qualquer grande clube do futebol brasileiro. Faleceu ainda jovem vítima de enfarto na capital João Pessoa, mas está sepultado na sua querida Guarabira que amava de coração. Mas no dizer do escritor Guimarães Rosa "a gente não morre apenas se encanta", Quem sabe talvez, Lucrécio encantou-se estando agora no céu numa quadra coberta de nuvens brancas completando um quinteto celestial ao lado de :Wilson Catacumba, Zé Barbosa, Josias e Fernando de Fausto. Amém, que assim seja!


Por Vicente Barbosa

  • Professor, historiador e escritor



Post a Comment

أحدث أقدم