03.06.2013 - 08:08    
Um dos critérios estabelecidos no projeto de lei é a exigência de população igual ou superior a cinco mil habitantes nas Regiões Norte e Centro-Oeste; sete mil na Região Nordeste, e 10 mil nas Regiões Sul e Sudeste.
A Paraíba poderá ganhar cinco novos  municípios caso o Projeto de Lei Complementar (PLC) 416/2008, de autoria  do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RO) seja aprovado, amanhã, pelo  plenário da Câmara Federal. Isto porque, o projeto devolve às  Assembleias Legislativas a autonomia de legislar sobre a criação de  novos municípios.
Um dos critérios estabelecidos no projeto de lei é a exigência de  população igual ou superior a cinco mil habitantes nas Regiões Norte e  Centro-Oeste; sete mil na Região Nordeste, e 10 mil nas Regiões Sul e  Sudeste. Com isso, pelo menos cinco distritos de municípios paraibanos  estariam aptos a serem emancipados: Galante (7.936 habitantes) e São  José da Mata (13.068), ambos pertencentes a Campina Grande; Renascer  (8.415), em Cabedelo; Nossa Senhora do Livramento (11.232), em Santa  Rita; e São Vicente do Seridó (9.196), localizado em Seridó. Os dados  são do IBGE.
Após a votação na Câmara o projeto voltará para o Senado, onde já foi  submetido à votação sendo aprovado em 2008, para que os substitutivos  apensados ao projeto original pela Câmara sejam analisados. Se aprovado,  seguirá para a sanção presidencial, que deve ser realizada em até 30  dias, após sua chegada a presidência.
O presidente da Frente Parlamentar Mista de Apoio à Criação de Novos  Municípios, deputado federal José Augusto Maia, do PDT de Pernambuco,  informou que esse projeto chega para moralizar a criação de novos  municípios no Brasil. “Por isso, eu não tenho dúvida que o Senado  aprovará os substitutivos que propomos, pois eles deixaram as regras  para a criação de novos municípios ainda mais rígida”.
Ele lembrou que antes da Emenda Constitucional 15/2006, que deu nova  redação ao parágrafo 4º do artigo 18 da Constituição Federal e tirou das  Assembleias a prerrogativa de legislar sobre a o tema não havia  critérios algum para criação de municípios.
“O que existia era o critério político e, dessa forma, foram criados  muitos municípios com pouco mais de mil habitantes, como é o caso de  alguns da Paraíba, que não tinha condição alguma para serem  desmembrados. Se esse projeto existisse antes de 1996 mais de dois mil  municípios não teriam sido criados no país”, explicou José Augusto Maia.
“Além disso, será realizado um plebiscito, onde os eleitores do  município e do distrito terão que votar sim ou não para a criação.  Antes, eram consultados apenas os do distrito. Para ser aprovada terá  que ter 50% mais um de votos favoráveis”, explicou o parlamentar.
Presidente da Famup se diz contrário
O presidente da Federação das Associações de Municípios da Paraíba  (Famup), Rubens ‘Buba’ Germano, se posicionou totalmente contrário à  criação de novos municípios na Paraíba. Ele disse que isso faz com que o  repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) das cidades onde  os distritos são desmembrados, caia.
“Se a criação de um município aumentasse a fatia do FPM para ser  repassado para o novo ente seria bom, mas com isso o município que detém  o distrito vai perder receita para a nova”, ressaltou.
Buba defende que o Pacto Federativo seja revisto e, no caso da criação  de novos municípios, seja incorporada a verba a que a nova cidade tem  direito no FPM. “É uma matemática muito simples, aumentou o número de  cidade tem que se aumentar a verba, pois não tem como se criar mais  cidades e o repasse continuar o mesmo, pois dessa forma alguém vai  perder com isso”, comentou.
Para Buba, esse é um assunto muito delicado que deve ser discutido com  muita cautela. “Eu não vou dizer que o aumento de municípios na Paraíba  irá prejudicar o Estado, mas é preciso discutir como ficará o aporte de  recursos da prefeitura que perderem os distritos”.
Ele sugeriu que fosse estabelecida uma nova forma de distribuição do  FPM. “A nossa sugestão é estabelecer um valor per capto que tivesse o  cálculo do repasse baseado no número de habitantes de cada município. O  modelo atual concentra renda nos grandes centros”, arrematou.
Ricardo Marcelo
Para o presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, deputado Ricardo  Marcelo (PEN), a prerrogativa de decidir sobre a criação de novos  municípios deve, sim, retornar para o Poder Legislativo, de onde,  segundo ele, nunca deveria ter sido retirado.
“Essa é uma competência do Legislativo. Agora, na Paraíba, só deverão  ser criados novos municípios, caso o projeto de lei seja aprovado, e  após estudos técnicos, avaliação prévia de viabilidade e se o distrito  atender todas as regras determinadas pela lei”, declarou.
Ricardo Marcelo declarou ainda que essa decisão, no passado, feriu a  autonomia do Poder Legislativo e que essa falha deve ser sanada com a  aprovação desse projeto de lei pelo Congresso Nacional.
Última criação foi em 94
Em 1994, o então governador Cícero Lucena (PSDB) autorizou a criação de  52 novos municípios na Paraíba. Com isso, o Estado, que possuía 171  cidades, passou a ter 223. Depois disso, mais nenhum município pode ser  criado devido a Emenda Constitucional Nº 15/ 96 que tirou das  Assembleias Legislativas a autonomia para legislar sobre o tema.
Atualmente no Senado, Cícero Lucena considera importante que as  Assembleias voltem a ter a prerrogativa de decidir sobre a criação de  municípios. Porém, ressaltou que isso deve ser feito com muita  responsabilidade e seguindo critérios pré-estabelecidos.
De acordo com o tucano, as Assembleias estão mais perto da população,  conhecem a realidade de cada município e, por isso, tem plenas condições  de legislar sobre a matéria. “Todos os 52 distritos que passaram a ser  município na época em que fui governador melhoraram a qualidade de vida  da população em relação aos serviços oferecidos na área de educação,  saúde e infraestrutura e em muitas outras coisas”, destacou Cícero.
Para o senador, a autonomia sobre esse assunto deve, realmente, ser do  Estado. “Mas antes de se autorizar, é preciso fazer uma análise profunda  da viabilidade da transformação de um distrito em um município”.
GiroPb com Correio
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