Brincar é essencial para crescer; psicóloga explica como isso atua no desenvolvimento da criança

Dia das Crianças


Foto: Divulgação / Ascom Hapvida. 

Em uma rotina cada vez mais acelerada e repleta de compromissos, o tempo dedicado ao brincar tem diminuído na vida das crianças. Estudo da Universidade de Exeter (Reino Unido) revela que um terço das crianças não brinca ao ar livre nem mesmo após a escola, e uma em cada cinco não sai de casa aos fins de semana.


No entanto, o ato de brincar é fundamental para o crescimento e o desenvolvimento saudável dos pequenos, sendo reconhecido como um direito garantido por lei por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente e reafirmado pela Convenção sobre os Direitos da Criança, da Organização das Nações Unidas, que considera o ato essencial para o bem-estar e a formação integral na infância.


A psicóloga da Hapvida, Patrícia Damasceno, destaca que o ato de brincar é uma necessidade vital da infância, tão importante quanto se alimentar ou dormir. “É através das brincadeiras que a criança organiza o mundo interno, expressa sentimentos, processa experiências e aprende a se relacionar com os outros. Para crianças atípicas, o brincar é também um espaço de terapia natural, onde se trabalha comunicação, interação social, coordenação e autorregulação emocional de forma bem prazerosa”, afirma. 


De acordo com dados da Rede de Atenção Psicossocial do SUS, a taxa de crianças entre 10 e 14 anos afetadas por transtornos de ansiedade chegou a 125,8 a cada 100 mil em 2023. A psicóloga aponta que a falta de tempo para brincar pode causar sobrecarga emocional. Ela explica que é durante as brincadeiras que a criança descarrega tensões, reorganiza experiências e desenvolve habilidades cognitivas, emocionais e sociais. 


“O brincar tem uma função autorreguladora: ajuda a criança a processar o que sente e reduzir o estresse. Quando esse espaço é restringido, o corpo e a mente sentem os efeitos, surgindo sintomas como ansiedade, regressões comportamentais e resistência à aprendizagem. Brincar, portanto, funciona como uma ponte entre emoção e pensamento, essencial para o equilíbrio e o desenvolvimento saudável da infância”, relata Patrícia. 

 

A brincadeira também está ligada à construção da identidade, autoestima e noção de responsabilidade da criança. Patrícia afirma que brincar constrói autoconfiança e senso de capacidade, já que os pequenos experimentam papéis, tomam decisões, erram e tentam novamente. 


Uso de telas – A psicóloga menciona que o uso excessivo de telas pode reduzir o tempo de interação real, o movimento corporal e o contato visual, aspectos essenciais do desenvolvimento infantil. Além disso, segundo Patrícia, o estímulo constante das telas pode gerar dificuldades de concentração e menor tolerância à frustração.


“Ainda assim, é possível conciliar o brincar tradicional com o uso de tecnologias, desde que haja equilíbrio e intencionalidade. Quando utilizada de forma complementar, a tecnologia pode estimular a criatividade por meio de jogos educativos, desenhos interativos e músicas, sem substituir o brincar ativo e o contato humano. O ideal é integrar, como por exemplo, brincar de algo no mundo real e depois explorar a versão digital daquela experiência”, explica.


Tipos de brincadeiras – Brincadeiras que envolvem o corpo, a imaginação e o vínculo afetivo são as mais eficazes para estimular o lúdico e o emocional das crianças em meio à rotina acelerada. “Jogos de faz de conta, contato com a natureza, atividades com música, pintura, massinha, blocos e dramatizações são exemplos que favorecem o desenvolvimento saudável. Porém, é  importante respeitar o ritmo da criança. Algumas preferem brincadeiras mais estruturadas, outras se beneficiam do brincar livre. O essencial é que o brincar desperte prazer, curiosidade e conexão”, enfatiza a especialista. 


O papel do adulto é o de facilitador, oferecendo espaço, tempo e segurança, sem interferir na espontaneidade do brincar. Patrícia frisa que em vez de dirigir as ações, o adulto deve observar e demonstrar interesse genuíno, estimulando a criança com comentários positivos. “Vale criar rotinas de brincadeiras, propor atividades simples, como cozinhar, cuidar do jardim, fazer caça ao tesouro ou montar cabanas, e, principalmente, participar das brincadeiras, já que o maior incentivo para a criança brincar é ver o adulto se divertindo também”, pontua a psicóloga.



(*) Ascom

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