MERCADO DO PEIXE: Centro difusor do comércio e da cultura guarabirense – Por Percinaldo Toscano


A atividade comercial se origina em tempos remotos, quando os homens descobrem a agricultura e passam a produzir seus próprios alimentos, gerando – posteriormente - excedente e passando a se fixar em locais produtivos, deixando, assim, a vida de andantes coletores (nômades). Este período da Pré-História fica conhecido como Neolítico.


Fosse pela forma do escambo (troca de uma mercadoria por outra mercadoria) ou pela troca de mercadoria por metal (prata, cobre, e ouro), chegando ao formato contemporâneo onde trocamos mercadorias e serviços por dinheiro (impresso ou virtual), constatamos a presença irrefutável da participação humana no cerne das transformações econômicas, políticas e sociais. Nesse processo evolutivo do comportamento social, os homens começam a construir ideias e formas práticas para continuidade de sua sobrevivência.


A ideia de mercado como edifício (prédio) vem sendo pensada desde o século XII, com a realização de feiras livres ocupando as ruas, que além de servir como espaço para prática comercial, servia como espaço de sociabilidade, agregando variadas formas de manifestações.


Tem-se registro de que em setembro de 1875 foi inaugurado na cidade do Recife o segundo mercado brasileiro, com estrutura em ferro e arquitetura francesa, abrigando em seus 500 Boxs vendedores de frutas, sementes, hortaliças, artesanato, leites, peixes, carnes e outros produtos, permanecendo até os dias atuais, quando completa seu sesquicentenário (1875/2025).


O Mercado São José do Recife atualmente, além de sua funcionalidade comercial, é ponto difusor da arte e da cultura do povo pernambucano, servindo como espaço de interação, diálogo, gastronomia e exercício cultural da contemporaneidade.


Dentro da concepção conceitual de turismo, comercialização e espaço de socialização, destacamos outros mercados espalhados pelo Brasil, como o Mercado Público de Porto Alegre (1869), primeiro do Brasil; o de Manaus (1883), o de Belém do Pará (Mercado Ver-o-Peso – 1899), Mercado Modelo de Salvador (1912) e o Mercadão de São Paulo (1933), dentre os mais importantes.


Em solo paraibano, especialmente na cidade de João Pessoa, registramos o Mercado Central, edificado entre 1943/1948, localizado na Av. D. Pedro II, no centro da capital. Sem fugir do conceito de espaço comercial fixo, o Mercado Central foi construído com a finalidade de abastecer, comercializar e contribuir na formação cultural da cidade, justificativa essa que serve para os nossos Mercados: “Central ou Velho” (1952) e o Mercado Novo (do Peixe), construído em 1962.


Diante de belos, grandiosos e históricos exemplos, estamos em estado de expectação por saber que no dia 13 de maio de 2025, nosso Mercado Público do Peixe - edificado e posto em funcionamento no ano de 1962, pelo consciencioso prefeito Augusto de Almeida (1959/1963), durante seu segundo mandato – foi demolido, cedendo espaço a construção de um novo e qualificado mercado público.


Após 63 anos de construído, o Mercado do Peixe receberá novos boxes, escadarias, rampas, sanitários e praça da alimentação. Embora não tenha estilo arquitetônico definido, será respeitada a configuração dos portais de entrada, referente à década de 1960.


Bem localizado no centro comercial da cidade, na Rua Napoleão Laureano perpendicular a Avenida Padre Inácio de Almeida – uma das principais avenidas - que dar acesso aos vizinhos municípios de Pirpirituba, Belém, Bananeiras, entre outras cidades, abre seus portões diariamente, assistindo visitantes e consumidores.


Finalizada a nova construção, prevista para final de 2026, resguardará o novo prédio, elementos histórico-cultural e arquitetônico do velho mercado edificado em 1962, grafando em solo firme, novo marco histórico na comercialização de produtos regionais.


Assim, entre comércio e cultura, tradição e modernidade, o novo projeto afirma-se como um símbolo do pertencimento e da continuidade da meritória história dos guarabirenses, possibilitando aos munícipes guarabirenses uma prática comercial acompanhada com atividades culturais.


Por Pecinaldo Toscano (percinaldotoscano@gmail.com)

  • Professor e Pesquisador


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