Pedras do cânion da área turística despencaram de mais de cinco metros de altura, atingiu uma lancha e afetou outras três embarcações em Capitólio, em Minas.
Um deslizamento de rochas no Lago de Furnas, em Capitólio, no Sul de Minas, atingiu uma lancha, matou 7 pessoas e deixou 31 hospitalizadas no início da tarde deste sábado (8/1). O rolamento das pedras ainda afetou outras três embarcações. Segundo o Corpo de Bombeiros, três pessoas ainda estão desaparecidas. Fotomontagem: Estado de Minas / Reprodução redes sociais.
Inicialmente, os militares contabilizaram 20 desaparecimentos. O número foi atualizado por volta das 21h. "A gente fez uma força-tarefa integrada, que conseguiu contato com essas pessoas", esclareceu o porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas, tenente Pedro Aihara.
Todos os 7 mortos e 3 desaparecidos são de uma mesma lancha, chamada Jesus
A corporação informou que foi acionada por volta do meio-dia por funcionários que trabalham nas proximidades da ponte do Turvo. Eles relataram aos agentes a ocorrência de uma cabeça d’água na região dos cânions, que teria provocado a queda da rocha. As causas do acidente, contudo, ainda não foram elucidadas.
Os bombeiros calculam que a pedra despencou de mais de cinco metros de altura.
Mortos
Ainda de acordo com o Aihara, três mulheres e quatro homens perderam a vida. O grupo ocupava a mesma lancha, chamada Jesus. Os corpos ainda não foram identificados, pois foram muito machucados pelo impacto das rochas.
"A lancha, no momento em que houve o desprendimento, estava com dez pessoas. Dessas dez pessoas, sete são justamente os sete óbitos já confirmados e três são essas três pessoas desaparecidas", explica o porta-voz dos bombeiros. "Todas as outras pessoas que estavam nas outras lanchas já foram resgatadas, as listas já foram cruzadas", garante.
Os cadáveres foram retirados do local e estão no Posto de Comando do Corpo de Bombeiros, onde passam por avaliação de peritos da Polícia Civil.
Feridos
Quatro embarcações foram afetadas pelo deslizamento - uma atingida pela pedra e outras três pela onda causada pelo impacto. Ao todo, segundo os bombeiros, 31 pessoas foram atendidas em Santas Casas de Piumhi, Passos e São José da Barra (municípios próximos ao local do acidente) e Capitólio.
A corporação esclarece que nem todos os 31 atendidos tiveram ferimentos. "Uma pessoa relacionada a um acidente como esse pode ser atendida no sistema hospitalar sem necessariamente apresentar ferimento", disse o tendente Aihara.
Resgate
Ao menos 40 militares foram mobilizados, entre bombeiros de Passos, que fica 74 km de Capitólio; Piumhi, a 23 km da localidade, além de membros da Marinha. As guarnições contam com mergulhadores, além de aparato técnico especializado, como o helicóptero Arcanjo 08, equipado com estrutura de evacuação aeromédica par transporte de vítimas em estado grave.
Os bombeiros não interromperam as buscas pelos três desaparecidos nem mesmo de madrugada. Apenas o trabalho de mergulho foi suspenso. "Mas com continuidade das buscas superficiais. As atividades de mergulho serão retomadas logo ao raiar do dia, por volta das 5h, 6h", afirma o porta-voz Pedro Aihara.
Avisos e alertas
Vídeos gravados no momento do acidente - ou pouco antes da fatalidade - foram circulam nas redes sociais (assista ao compilado do Estado de Minas acima). As gravações mostram que os banhistas foram avisados para que se afastassem da queda d'água.
"Aquele bloco está saindo. Aquele pedação vai cair. Sai! Mano do céu! Rápido! Ou! Ou! Sai daí, gente! Vai cair": são alguns dos apelos. Pouco depois, a rocha se desprende e cai com violência na água. Outros vídeos mostram a agonia de turistas.
A Defesa Civil de Minas também emitiu um comunicado sobre fortes chuvas na região. “Chuvas intensas na região com possibilidade de ocorrência de cabeça d'água nos municípios de Capitólio, São João Batista do Glória e São José da Barra. Evite cachoeiras no período de chuvas. Em emergências ligue 199 ou 193”, diz o alerta publicado na manhã de hoje (8/1).
Uma fisioterapeuta de 36 anos estava no local do acidente momentos antes e disse que o barulho da queda d'água era muito forte. “Não dava para escutar as pessoas gritando que ia desabar. Não dava. Quando estávamos retornando, tentamos avisar outras lanchas para evitar o local, mas as pessoas não conseguiam escutar. As quedas d’água dificultam muito”, afirmou Flavia Elisa Custodio.
Marinha apura causas
A Marinha do Brasil informou que vai abrir inquérito para apurar as causas do acidente. "A DelFurnas deslocou, imediatamente, equipes de Busca e Salvamento (SAR) para o local, integrantes da Operação Verão ora em andamento, a fim de prestar o apoio necessário às tripulações envolvidas no acidente, no transporte de feridos para a Santa Casa de Capitólio, e no auxílio aos outros órgãos atuando no local", informou, por nota (leia a íntegra abaixo).
Luto e tristeza
“Transtornados.” Essa foi a palavra usada pelo prefeito de Capitólio, Cristiano Silva, para falar sobre o desastre registrado. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, falou em "dor e tragédia", enquanto o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), citou "imagem forte e triste" em notas de pesar e solidariedade.
Confira a nota da Marinha do Brasil:
A Marinha do Brasil informa que tomou conhecimento de um acidente, no fim da manhã de hoje, após deslizamento de rochedo atingir embarcações que navegavam a região dos cânions, em Capitólio-MG.
A DelFurnas deslocou, imediatamente, equipes de Busca e Salvamento (SAR) para o local, integrantes da Operação Verão ora em andamento, a fim de prestar o apoio necessário às tripulações envolvidas no acidente, no transporte de feridos para a Santa Casa de Capitólio, e no auxílio aos outros órgãos atuando no local.
Um inquérito será instaurado para apurar causas, circunstâncias do acidente/fato ocorrido.
(*) Estado de Minas
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