O uso de arma nunca será solução – Por Pe. João Bosco

Na realidade, arma não traz vantagem alguma para ninguém e, jamais, servirá como proteção e/ou defesa para quem quer que seja. É muito comum que se morra portando mais de uma arma e, até, com ela em punho. Arma não é mágica. 
Padre Bosco (Foto: Divulgação / Internet). 
Terminando a primeira quinzena de janeiro de 2019, o assunto nacional, em pauta, é a questão das armas. O então presidente, por decreto, autoriza o direito da posse de arma em casa. Ao menos é isso que a mídia tem divulgado. Existem critérios para que esse direito seja garantido. Não será de forma aleatória. Mesmo assim!!!!

Já ouvi reações assim: “a arma não serve para estar em casa; ela pode ser roubada; os filhos podem levar para a escola; a facilidade da arma em casa pode ser utilizada mais facilmente para o crime diante dos conflitos familiares”.

Já se discute que a próxima demanda será o direito ao porte de arma, isto é, o direito de conduzi-la consigo, para além do direito de poder adquiri-la e tê-la em casa. As opiniões serão muitas e, certamente, divergentes.

Na realidade, arma não traz vantagem alguma para ninguém e, jamais, servirá como proteção e/ou defesa para quem quer que seja. É muito comum que se morra portando mais de uma arma e, até, com ela em punho. Arma não é mágica.  A arma tem única finalidade: matar, destruir o outro que se tem por inimigo. Quanto mais armado está o ser humano, mais vulnerável ele se tornará diante de outros que mais se armarão também. O que fará uma pessoa com uma arma, numa área rural, se chegar um bando armado? Quem terá maior poder de força?

Porque acontecem mortes em confrontos? Simplesmente porque existem as armas. Este deve ser um primeiro item para que cada pessoa faça a sua reflexão.

Hoje se tem presente que vivemos numa situação de muita violência. Reclama-se que as armas que entram no Brasil são mais potentes do que aquelas usadas pelas polícias, como então, vamos legitimar cada vez mais o acesso às armas? Sejam elas legalizadas ou não, continuam sendo armas. Se elas estão em mãos que nem sequer sabem manuseá-las, essas pessoas estão se expondo a um imenso perigo, isto é, estarão arriscando ainda mais suas próprias vidas.

Essa medida será um grande incentivo para a indústria armamentista. Parte da população, na falsa ilusão de se sentir segura, destinará parte de seus recursos para aquisição de armas, cursos, manutenção, legalização das armas, e, por fim, teremos mais mortes entre seres humanos, no trânsito, nas ruas, nas festas, dentro de casa, etc.

Como só colhemos aquilo que plantamos, assim será. Depois ninguém culpe Deus pelas desgraças que virão como consequência.

Uma sociedade que investe numa boa educação, como formação para a vida, em vista de uma cultura de paz, a favor da vida, jamais precisará usar das armas e da violência. Os conflitos podem ser administrados através da escuta, do diálogo, dos pactos e acordos, sem usar a força e muito menos armas.

Numa cultura que se diz cristã, como a cultura brasileira, jamais o uso de arma poderia ser pensado como alternativa, pois, na verdade, não é alternativa nenhuma. Os que farão uso da arma só terão esses caminhos: a morte no momento do conflito, o leito no hospital, e até prolongado ao término da vida, a prisão, por um tempo, a morte, na prisão e, muitas vezes, depois dela. Essas realidades já fazem parte da vida dos que usam do poder das armas e da violência.

Nada de entusiasmo e euforia. O momento deve ser de reflexão e discernimento.

Pe. João Bosco Francisco do Nascimento
Coordenador Diocesano de Pastoral

Pascom Diocesana
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