Moradores de cidade do Cariri, na PB, viajam 120 km para encontrar delegacia aberta

Assunção tem delegacia de Polícia Civil, mas nem sempre o delegado está na cidade. 


Viajar mais de 240 quilômetros, sendo 120 km para ida e o mesmo para a volta, para fazer um simples boletim de ocorrência ou realizar uma prisão em flagrante. Essa é a realidade dos moradores que são vítimas de crimes ou de policiais que atenderem ocorrências na cidade de Assunção, no Cariri paraibano, após as 18h ou nos fins de semana.

Esse problema tem ocorrido por falta de delegados de plantão. Outros casos parecidos também são registrados em outras regiões do estado, pelo mesmo motivo.

O problema envolvendo as delegacias de Polícia Civil começa já na cidade de Assunção. Apesar de ter uma delegacia física, o delegado responsável pela cidade, Ariosvaldo Adelino de Melo, também atua na delegacia de Polícia Civil em Taperoá, município vizinho, acumulando as atribuições.

O delegado Ariosvaldo explica que fica a maior parte do tempo em Taperoá. “Em Assunção existe um comissário de plantão, mas às vezes ele também precisa ir a Taperoá. Eu vou alguns dias da semana a Assunção, mas geralmente só em caso de flagrante ou pra 'fazer local de crime', quando tem um homicídio, por exemplo”, disse ele.

Por este motivo, os moradores da cidade de Assunção precisam viajar para Taperoá, quando precisam fazer um boletim de ocorrência. Mas, se o caso ocorrer após as 18h, ou nos fins de semana, o problema é ainda maior, porque neste horário e dias a delegacia de Taperá não tem expediente.

Neste caso, todas as ocorrências ficam concentradas na delegacia seccional de Esperança, no Brejo paraibano, que fica a cerca de 120 quilômetros de distância de Assunção, totalizando uma viagem de 240 km para ida e volta. No “plantão centralizado”, a delegacia de Esperança fica responsável por atender todas as cidades que integram sua área de atuação. Assunção também faz parte da área de Esperança, mesmo estando a 120 quilômetros de distância.

Arrombamentos
Segundo moradores e comerciantes da cidade de Assunção, o problema tem se agravado pela ocorrência de crimes na cidade. Conforme o relato de moradores ao G1, no mês de janeiro deste ano, ocorreram pelo menos 22 arrombamentos.

Apenas na madrugada do dia 24 de janeiro, segundo relato de moradores, ocorreram 12 arrombamentos contra estabelecimentos como frigorífico, ótica, confeitaria, armarinhos e mercados. Entretanto, segundo a Polícia Civil, neste dia apenas quatro casos foram registrados na delegacia.

“Aqui na cidade só tem um escrivão da Polícia Civil e ele fica na cidade de Taperoá. Muitas vezes, a população quer prestar queixa, mas não tem como. Em janeiro teve arrombamentos, mas muitos comerciantes não fizeram boletim por falta de escrivão”, destacou funcionário público Patrício Silva, morador de Assunção.

Sem previsão
O delegado seccional da Polícia Civil de Esperança, Danilo Orengo, explicou que não condições de se manter mais de um delegado no plantão centralizado na região, por falta de efetivo de delegados, escrivão e agentes. Ele destacou que existe um planejamento em estudo para se implantar um plantão centralizado na cidade de Soledade para atender parte das cidades da região do Cariri e Seridó, mas ainda não há prazo.

“Infelizmente não tem muito o que fazer. Ou esperar esse novo plantão em Soledade, ou redistribuir as cidades e encaixar Assunção em uma seccional ou delegacia com plantão mais próxima. Mas, durante a semana todas as ocorrências ficam sob responsabilidade da delegacia de Taperoá, que é bem mais próxima”, disse Danilo Orengo.

G1
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