O
processo de deterioração da base de apoio do governo na Câmara dos Deputados se
consolidou em 2015, mas começou bem antes. Já no fim de 2014, a taxa de
governismo havia caído 10 pontos porcentuais em relação a 2013, atingindo o
então recorde de 69%. Em 2015, a adesão do governo entre os deputados chegou a
67% - a menor desde 2003.
Na série histórica iniciada no primeiro mandato de
Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006), o índice de governismo alcançou seu
maior patamar em 2004, com 91%. A situação de Dilma é bem diferente à de seu
padrinho. Após atingir o pico de apoio parlamentar ao governo no segundo ano de
seu mandato, Lula viu sua taxa de governismo na Câmara sofrer uma queda logo
após o estouro do escândalo do mensalão, em 2005. O governo do petista, porém,
conseguiu reconstruir sua base e, em 2008, já atingia 88% de apoio entre os
deputados.
O fim da era Lula coincide com uma queda contínua no
governismo desses parlamentares. No primeiro ano da gestão Dilma, o índice de
governismo era de 85%. De lá para cá, as quedas anuais foram constantes, até
chegar no índice de 67% registrado em 2015.xxx A taxa de adesão
ao governo é calculada verificando quantos deputados em cada votação
acompanharam a orientação governista naquela ocasião. Por exemplo, se há 400
deputados presentes em uma sessão e 100 votam seguindo a orientação do governo,
a taxa de governismo será, portanto, de 25%. Para o cálculo da ocorrência por
ano, é feita uma média simples de todas as votações.
Além da queda recorde do governismo, os partidos nunca
estiveram tão fragmentados (pouco coesos nas votações) quanto hoje. O maior
exemplo é o PP, que participa do bloco governista desde 2003. Em uma escala de
zero a dez, em que zero representa coesão máxima - ou seja, todos os deputados
votam igual - e dez representa dispersão máxima, a bancada do partido passou de
2 no fim de 2010 para o maior valor registrado atualmente entre as siglas: 4,8
em 2015. (Veja com Estadão Conteúdo)
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