Em
sua edição impressa desta segunda-feira (21), o diário econômico francês Les
Echos descreve a situação no Brasil como uma crise confusa e de final
imprevisível. "A tensão política cresce com os pedidos de impeachment
contra a presidente Dilma Rousseff num contexto de verdadeiro desastre
econômico", afirma em manchete interna o jornal francês.
O
Les Echos afirma que a recessão no Brasil vai durar provavelmente mais do que
dois anos. O endividamento vai aumentar porque o governo, sem credibilidade
alguma perante a opinião pública, não consegue aprovar as medidas de ajuste
fiscal no Congresso, aprofundando os déficits.
"O
real está em queda livre, tendo perdido 50% de seu valor diante do dólar desde
o início do ano", uma crise que é explicada pela falta de confiança nas
políticas do governo, segundo André Perfeito, chefe-economista da corretora
Gradual, entrevistado pela reportagem.
O
Les Echos também entrevistou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em
busca de respostas para entender como a situação no país se degradou em um
intervalo tão curto de tempo.
Fernando
Henrique descreve a situação do Brasil como "calamitosa". O
peessedebista diz estar preocupado com a desorganização do sistema
institucional brasileiro, "por falta de orientação clara do governo".
Ele afirma que o "zigue-zague de opiniões e propostas nas últimas semanas
desorganizaram não só o governo, mas também a oposição".
FHC
descreve o retrato de uma sociedade confusa, perdida e sem esperança.
Questionado pelo jornal se os brasileiros vão retomar os protestos do ano
passado, ele diz não ter a menor ideia. A entrevista transmite uma ideia de
desânimo, caos, como se nenhuma força política no país fosse capaz de oferecer
uma alternativa ao quadro atual.
FHC
declara que os três maiores partidos do Brasil detêm menos da metade das
cadeiras na Câmara, o que torna praticamente impossível governar nessas
condições. O ex-presidente encerra a entrevista dizendo que o Brasil está
praticamente falido. "A sociedade embarcou num projeto megalomaníaco que,
todos veem hoje, é inviável", principalmente no caso das aposentadorias.
(RFI)
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