.Beneficiados
precisariam saber da origem ilegal do dinheiro, ressalva ministro em sessão da
CPI da Petrobras. Delatores do petrolão indicam que doação pagou propina. O
ministro da Justiça também comentou o encontro da presidente Dilma com o
presidente do Supremo: 'Foi absolutamente normal'
![]() |
José Eduardo Cardozo (Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados). |
O ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, prometeu punir os responsáveis por instalar escutas
ilegais nas dependências da Polícia Federal no Paraná, "seja qual for a
razão do grampo". Cardozo falou por mais de sete horas nesta quarta-feira
à CPI da Petrobras, em Brasília (DF). Ele disse, no entanto, que não tem acesso
ao conteúdo das sindicâncias em andamento no órgão. Cardozo também falou sobre
a possibilidade de se responsabilizar criminalmente doações de campanhas
registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral - o que o PT não admite.
Em
abril do ano passado, a PF encontrou aparelhos de escuta na cela do doleiro
Alberto Youssef. Pouco mais de um ano depois, a corporação localizou outro
aparelho de escuta em uma área comum da superintendência do Paraná. A
corregedoria-geral da Polícia Federal, sediada em Brasília, investiga os
episódios. "Se ficar provado que existem escutas ilegais, isto é um ato
gravíssimo, (...) pouco importando a razão. Se a razão era investigar ou se a
razão era outra, de qualquer natureza, haverá punições", disse o ministro.
Ele prometeu tomar providências criminais e administrativas.
A
instalação do grampo ilegal na cela de Youssef, revelada por VEJA, pode causar
a anulação de provas obtidas na Lava Jato e o afastamento dos investigadores, o
que favoreceria os alvos da operação.
A
sindicância inicial sobre o grampo na cela, aberta na própria superintendência
paranaense, foi arquivada. Mas, um ano depois, já em maio de 2015, o agente
Dalmey Werlang disse ter instalado o aparelho por ordem de três delegados: dois
da Lava Jato, Igor Romário e Márcio Anselmo, e o superintendente da Polícia
Federal no Paraná, Rosalvo Franco. O caso foi reaberto e agora é de atribuição
da corregedoria-geral.
Há
ainda um segundo caso de escuta ambiental, essa instalada em uma área conhecida
como "fumódromo" e encontrado em maio deste ano. Segundo o ministro,
a sindicância sobre esse segundo caso está "muito perto do
encerramento" e a primeira ainda depende de mais informações, mas também
chegou a uma fase avançada.
Doações
- O ministro também comentou sobre as doações de campanha registradas e
aprovadas pela Justiça Eleitoral, mas que os delatores do petrolão confessaram
ser pagamento de propina. Cardozo defendeu a tese jurídica de que quem recebeu
dinheiro sem saber da origem ilícita não pode ser responsabilizado e punido. O
PT defende que as "doações legais" não podem ser criminalizadas - sem
entrar no mérito da questão suscitada por Cardozo: se os políticos beneficiados
tinham ou não conhecimento da origem ilegal do dinheiro.
"Surgem
teses de que doações legais de campanha poderiam ensejar situações criminosas
se tivessem origem ilícita. Eu não creio que seja necessária somente a origem
ilícita, mas uma ciência daquele que recebeu a doação."
Cardozo
afirmou haver uma incompreensão a respeito de seu papel na condição de
autoridade máxima da Polícia Federal. Ele disse que não interfere nas
investigações. "O ministro da Justiça não teme esse poder legalmente
estabelecido, e se o fizer incorrerá em prática de crime", afirmou.
Ele
ouviu queixas de petistas sobre a "politização" das investigações e a
"seletividade" das investigações para atingir o PT. "A autonomia
da Polícia Federal não pode ser exacerbada no sentido de eventuais interesses
políticos e partidários", disse o deputado Valmir Prascidelli (PT-SP).
Portugal
- Sobre o encontro da presidente Dilma Rousseff com o presidente do Supremo
Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, em Portugal, no início do mês, Cardozo
disse que o episódio foi algo "absolutamente normal". Segundo ele, a
reunião foi marcada na cidade do Porto porque esse era o melhor local, dada a
agenda cheia tanto de Dilma quanto de Lewandowski e do próprio ministro da
Justiça. O ministro negou que a operação Lava Jato tenha sido tema do encontro.
A única pauta da reunião, disse ele, foi a proposta de aumento para os
servidores do Judiciário.
O
ministro da Justiça também afirmou que a honestidade de Dilma Rousseff é
"inatacável" e disse ter certeza de que a investigação da Lava Jato
não descobrirá nenhum ilícito praticado por ela. "Nenhum fato relacionado
a desvio de dinheiro público, corrupção ou improbidade chegará próximo da
presidente Dilma Rousseff. Eu garanto". (Veja)
Postar um comentário