A
invenção da imprensa por Johann Gutenberg, no século XV, foi um dos
acontecimentos que mudaram a história da leitura e da circulação de ideias em
escala mundial.
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Johann Gutenberg - inventor da Imprensa (Divulgação/ Shutterstock). |
Quando
se estuda o período do Renascimento, geralmente se destaca o advento de algumas
invenções, tais como o telescópio e o relógio de precisão. Uma dessas invenções
que provocaram uma verdadeira revolução no terreno da escrita e da leitura foi
a imprensa, isto é, a máquina de impressão tipográfica inventada pelo alemão
Johann Gutenberg no século XV.
O
nome imprensa remete, nos dias atuais, quase que automaticamente às
instituições de divulgação de notícias e opiniões sobre fatos cotidianos, isto
é: aos jornais e revistas especializados, sejam diários, semanários ou
mensários. Esse nome, entretanto, designa, originariamente, um tipo de
dispositivo técnico capaz de reproduzir palavras, frases, textos ou mesmo
livros inteiros através de caracteres ou tipos móveis. Esse dispositivo foi
inventado por Gutenberg na década de 1430.
Durante
milênios a escrita restringia-se a modos de réplica muito limitados, como as
tabuinhas com escrita cuneiforme dos povos sumérios, os papiros egípcios, os
ideogramas chineses, entre outras variadas formas de reprodução, cujo acesso
era restrito a pequenos grupos de pessoas, geralmente escribas. Apenas com a
invenção de Gutenberg a propagação de livros, como a Bíblia – o primeiro dos
livros inteiros publicados pela técnica da imprensa –, passou a ficar intensa.
Isso se dava, fundamentalmente, em razão da facilidade que havia na reprodução
dos textos. Não era necessário copiar à mão palava por palavra como se fazia
até então. Fazia-se um molde com os caracteres móveis e, a partir dele,
imprimiam-se quantas cópias o estoque de tinta à base de óleo suportasse. O
nome que passou a ser dado ao conjunto de papéis impressos em caracteres móveis
foi códice, do latim codex. Como dito acima, o primeiro livro impresso foi a Bíblia, em
idioma vernáculo (em alemão). Esse fato foi de fundamental importância à
Reforma Protestante, que se desenrolou no século XVI, haja vista que até então
a Bíblia era lida em latim e sua circulação não era tão grande tal como
passaria a ser a partir da invenção da imprensa.
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Modelo de máquina de impressão inventada por
Gutemberg no século XV (Divulgação/ Galyamin Sergej)
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O
historiador francês Roger Chartier, um dos grandes estudiosos da história do
livro e da leitura, destacou que a invenção de Gutenberg foi tão revolucionária
que só pode ser comparada à invenção do computador e da reprodução digital da
escrita, como pode ser verificado no trecho a seguir:
“Minha
primeira pergunta será a seguinte: como, na longa história do livro e da
relação ao escrito, situar a revolução anunciada, mas, na verdade, já iniciada,
que se passa do livro (ou do objeto escrito), tal qual o conhecemos, com seus
cadernos, folhetos, páginas, para o texto eletrônico e a leitura num monitor?
[…] A primeira revolução é técnica: ela modifica totalmente, nos meados do
século XV, os modos de reprodução dos textos e de produção dos livros. Com os
caracteres móveis e a prensa de imprimir, a cópia manuscrita deixa de ser o
único recurso disponível para assegurar a multiplicação e a circulação dos
textos.” (CHARTIER, Roger. Do códige ao monitor: a trajetória do escrito.
Estud. av. 1994, vol.8, n.21, pp. 185-199. ISSN 0103-4014.)
Por
Me. Cláudio Fernandes
Brasil Escola
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