"Domingo não estava para bandeirinha": Professor Percinaldo relembra episódio curioso do futebol amador de Guarabira e região


Em seu novo artigo, o professor Percinaldo Toscano relembrou um episódio curioso que entrou para o folclore esportivo da região.


De acordo com a publicação, na final do campeonato de futebol, da cidade de Alagoinha, faltou um bandeirinha e o guarabirense Homero Beserra foi “convocado” às pressas para assumir a função. Sem experiência, levantava a bandeira a todo instante — para lateral, falta, escanteio e até gol anulado. A torcida não perdoou e, sob vaias e protestos, Homero abandonou o campo, jogou a bandeira para o alto e correu em disparada rumo à estrada Alagoinha/Guarabira. 


Uma lembrança divertida que mostra como o futebol amador também guarda histórias inesquecíveis.


- Confira a seguir, na íntegra, esta pérola histórica do nosso futebol amador, contada por Percinaldo Toscano



O DOMINGO NÃO ESTAVA PARA BANDEIRINHA


Aos guarabirenses Galo e Tambadois simbólicos bandeirinhas.

Durante um dia de domingo muita coisa acontece ou pode acontecer, sejam elas programadas ou não. Acontecem eventos musicais, passeios aos balneários, visitas aos amigos, almoço na casa dos familiares, maratonas, churrascos rurais, cavalgadas, novas experiências gastronômicas, enfim, uma infinidade de recreativos dominicais.


Foi num domingo de sol quente e céu azul, de poucas nuvens, que se realizava na cidade de Alagoinha PB, próxima a Guarabira, a partida final do campeonato de futebol local, que dois jovens estudantes e amigos guarabirenses partiram para realizar nobre exercício desportivo, ou seja, apitar uma partida decisiva entre duas equipes rivais daquele município: Alagoinha E.C. e Palmeiras de Seu Tota, sendo a primeira a preferida pelo olhar da força política local.


Com o Campo da Fazenda (EMEPA – Alagoinha) repleto de torcedores e curiosos, charangas e foguetões, onde tudo parecia bem, surge o primeiro problema: antes mesmo do apito inicial da partida, quando o arbitro central, Abraão Neri da Silva (in-memórian), recebe a informação que faltara um dos bandeirinhas e que sem bandeirinhas o jogo não poderia iniciar. Sem pestanejar e sem comprometer o cachê antecipadamente recebido, demasiadamente confiante chama o amigo Homero Beserra para assumir o posto de bandeirinha. O olhar de HB não poderia ser outro, se não, de espantado.

- Vai lá, HB! Segura a bandeira e fica atento. É só levantar quando a bola sair de campo. O resto deixa comigo.


Mal a bola rolou no gramado esburacado e seco, HB tomado pelo censo de justiça que lhe é peculiar, começou a levantar a bandeira por tudo: fosse lateral, tiro de meta, escanteio, falta e o escambau. Cada passo dos jogadores era seguido de um levantar da bandeirinha, se sentindo o maioral das quatro linhas.


Por sua vez, a torcida já estava cabreira com HB diante de tantas bandeiradas. Entre gritos e insultos, alguém com timbre vocal muito forte, brada:

- Esse bandeirinha não sabe de nada, está roubando nosso time.


Foi o suficiente para acender o estopim, Bastou HB anular um gol de forma esquisita que – em uma só voz – o público decreta: pega o bandeirinha que ele está roubando nosso time, insistiu.


Homero não pensou duas vezes depois de decretada a sentença, jogou a bandeira para o alto, nem se despediu do amigo árbitro e parte em velocidade, pula a cerca do campo, mergulha mato adentro rumo à estrada Alagoinha/Guarabira. As pernas batiam nas nádegas.


Passado alguns anos - em Alagoinha – dizem que até hoje, quando algum bandeirinha comete erro grosseiro contra o time local, a torcida logo se manifesta: tá igual a Homero Beserra, vai já correr estrada afora.


Por Percinaldo Toscano

  • Professor e pesquisador

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