Braga Netto diz que intervenção militar de 64 deve ser compreendida e celebrada

Segundo a Ordem do Dia do ministro, eventos como os de 1964 'só podem ser compreendidos a partir do contexto da época'. 

Braga Neto divulgou um texto chamado "Ordem do Dia Aluisiva ao 31 de março de 1964". Foto: Palácio do Planalto / Alan Santos. 
O novo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, divulgou nesta terça-feira (30) um texto chamado "Ordem do Dia Alusiva ao 31 de Março de 1964" enaltecendo o papel que ele classificou de "pacificar o país" realizado pelas Forças Armadas naquele ano, quando os militares foram protagonistas no que os historiadores chamam de golpe de Estado que derrubou o governo constitucional do presidente João Goulart.

O texto de Braga Netto, que é general da reserva, enaltecendo as conquistas do golpe de 1964 ocorre em meio a temores de que sua ida para a pasta, assim como a saída dos atuais comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, seja uma manobra do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para ampliar a politização e sua influência nas Forças Armadas.

"A Guerra Fria envolveu a América Latina, trazendo ao Brasil um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica. Havia ameaça real à paz e à democracia", diz Braga Netto na Ordem do Dia.

"Os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964", continua o novo ministro da Defesa.

"As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o país, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos."

Ditadura

A derrubada de João Goulart, que realmente contou com apoio de setores da sociedade, levou a uma ditadura de 21 anos, período marcado por crimes contra a democracia, a liberdade de imprensa e os direitos humanos.

Mas, segundo a Ordem do Dia do ministro, eventos como os de 1964 "só podem ser compreendidos a partir do contexto da época", e o quadro hoje é outro.

"O cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população."

Mais para o final do texto, Braga Netto ressalta a missão constitucional das Forças Armadas, na qual está "garantir os Poderes constitucionais".

"A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso país", afirma.

"O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março", diz o ministro. Para os militares, o movimento é visto como uma "revolução".

Leia a íntegra:

"Eventos ocorridos há 57 anos, assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época. O século 20 foi marcado por dois grandes conflitos bélicos mundiais e pela expansão de ideologias totalitárias, com importantes repercussões em todos os países.

Ao fim da segunda guerra mundial, o mundo, contando com a significativa participação do Brasil, havia derrotado o nazi-fascismo. O mapa geopolítico internacional foi reconfigurado e novos vetores de força disputavam espaço e influência. A Guerra Fria envolveu a América Latina, trazendo ao Brasil um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica. Havia ameaça real à paz e à democracia.

Os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das forças armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964.

As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o país, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos.

Em 1979, a Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, consolidou um amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia. Foi uma transição sólida, enriquecida com a maturidade do aprendizado coletivo. O país multiplicou suas capacidades e mudou de estatura.

O cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população.

A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a pátria, garantir os poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso país.

O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março." 

(*) CNN, com Reuters


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