Bolsonaro ataca Barroso, mostra vídeos com acusações e admite não poder comprovar fraude

Foto: Reprodução / Youtube. 
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) utilizou o espaço de sua live semanal nesta quinta-feira (29) para sustentar sua defesa sobre o que ele chama de "voto impresso", ou "voto auditável", que é um sistema de comprovante impresso do voto dado na urna eletrônica.

O presidente não apresentou evidências que sustentassem suas afirmações. Em um momento, afirmou que a "manipulação de votos" na urna "não é uma certeza". "As pesquisas dizem que eu estou mal para justificar a manipulação de votos na ponta da urna. Isso é uma certeza? Não é uma certeza. É um indício fortíssimo."

Em outro momento, afirmou que "não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas". "São indícios. Um crime se desvenda como vários indícios. Para os que me acusam de não apresentar provas, eu devolvo a acusação: apresente provas que o sistema não é fraudável", reclamou.

Após um discurso que durou cerca de 40 minutos, ele mostrou vídeos com acusações sobre supostos indícios de fraudes nas urnas eletrônicas, e trouxe uma pessoa que identificou como analista de inteligência para sustentar sua tese. No fim, o presidente voltou a discursar.

Em boa parte do tempo da sua fala, ele concentrou suas críticas a Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal, que é contrário ao dispositivo sugerido por Bolsonaro para o sistema de votação.

Ele também voltou a relacionar a opinião contrária de Barroso e do TSE ao comprovante impresso do voto a um suposto favorecimento a Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2018, onde o petista aparece, até agora, como o maior adversário em potencial de Bolsonaro.

No total, o pronunciamento, realizado no Palácio da Alvorada, durou cerca de duas horas e contou com presença de jornalistas. Apesar disso, Bolsonaro não abriu espaço para perguntas. "O que nós apresentamos aqui dispensa perguntas por parte da imprensa. Peço desculpas, mas dispensa perguntas", disse, no fim da live.

Ataques a Barroso

Bolsonaro iniciou a transmissão com um discurso que durou cerca de 40 minutos. Nele, alternou suas opiniões recorrentes sobre alguns temas – a defesa de medicamentos ineficazes contra a covid-19, as críticas a prefeitos e governadores por medidas de isolamento social e elogios ao desempenho do governo federal -, mas concentrou sua crítica ao sistema eletrônico de votação do Brasil.

Nesse ponto, o ataque mais contumaz foi novamente contra Luís Roberto Barroso, que se reuniu com parlamentares há algumas semanas para defender o sistema brasileiro. Segundo Bolsonaro, o presidente do STE está tentando interferir no Congresso, onde tramita uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), apresentada por aliados do presidente, que estabelece a obrigatoriedade do comprovante impresso do voto.

Por que a ferocidade do presidente do TSE em não querer discutir sobre uma cntagem publica de votos, ou uma forma de auditá-los? Por que o presidente do TSE, na iminência de ver a PEC da deputada Bia Kicis (PSL-SP) ser aprovada, vai para dentro do Parlamento e se reúne com várias lideranças partidárias?", questionou.

"A partir do dia seguinte, muitos desses líderes trocam a composição por parlamentares que se comprometeram a votar contra a PEC do voto impresso. Qual foi o poder de persuasão do Barroso? Que poder esse homem tem pra essa forma de convencimento?"

Na sequência, afirmou que o ministro do STF "mente" ao dizer que o comprovante é um retrocesso e "que é a volta do voto em papel". "Isso é mentira é uma fake news. O senhor devia ser o primeiro a ter humildade e falar em democracia, transparência."

Depois, Bolsonaro começou a falar sobre a disputa das eleições de 2018 e citou pesquisas que mostram Lula na frente nas intenções de voto. "Se o Datafolha está certo, com o voto auditável, ele está eleito. Mas qual o futuro do Brasil se terminarmos uma eleição onde um lado ou outro desconfia e começa a realizar ações contra o pleito?"

O presidente, então, fez uma crítica a Barroso e ao TSE ao falar sobre a saída de Lula da prisão e sua potencial participação na eleição - permitidas após a anulação de suas condenações na Lava Jato.

"Me desculpa se vou ver forte agora, mas será que é justo que quem tirou o Lula da cadeia , que o tornou elegível, ser o mesmo que vai contar o voto numa sala secreta do TSE? Cadê a contagem pública dos votos?", atacou.

Apesar da crítica do presidente, não é verdade que o TSE faça a apuração em uma "sala escura", e nem que os responsáveis por monitorar a contagem de votos sejam os ministros do tribunal.

Bolsonaro continuou os ataques contra Barroso, mas depois disse não querer acusá-lo de nada.

"Por que o presidente do TSE quer manter a suspeição sobre eleições? Quem ele é? Por que ele continua interferindo por aí, com que poder? Não quero acusa-lo denada, mas algo de muito esquisito acontece."

Presidente volta a reclamar do resultado de 2018

Os vídeos apresentados por Bolsonaro eram compostos por acusações da população sobre supostas fraudes ocorridas em urnas durante a eleição. Além disso, havia reportagens de imprensa envolvendo um caso de investigação sobre fraude em eleições passadas na cidade de Caxias, no Maranhão.

O presidente ainda mostrou trechos da TV Globo durante a noite do primeiro turno da eleição de 2018 e, junto com o analista a seu lado, afirmou que o resultado final "não seguiu a lógica" do início da apuração, quando apareceu com mais de 50% dos votos – suficiente para vencer sem a necessidade do segundo turno.

Bolsonaro também reclamou que o TSE dá respostas "evasivas" quando é questionado sobre supostas fraudes e pediu que o resultado detalhado das eleições por cada seção eleitoral do país seja apresentado imediatamente após o fim do plelto. "Talvez sejam aquelas urnas para fazer a conta de chegada lá na frente", acusou.

"O TSE deixa para apresentar isso muito mais tarde onde, alguns acham - uma suspeição apenas -, que essas urnas 'extras' seriam para acertar 15 dias depois e dar um ar de legalidade a toda eleição. São suspeitas que poderiam acabar com a impressão do voto e com a contagem pública do mesmo", disse, novamente sem apresentar evidências das acusações. (*) Yahoo


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