Em discurso Lula faz acenos ao centro, critica Bolsonaro e defende a vacinação

Os recados do ex-presidente em cinco pontos. 

Foto: Reprodução. 
Durante discurso no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, o ex-presidente Lula adotou um tom diferente daquele visto três anos atrás, às vésperas de sua prisão pela Lava-Jato.

Agora, com os direitos políticos restabelecidos, após decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), o petista falou por quase duas horas e deixou alguns recados — e pistas de como deve se comportar caso venha a concorrer novamente ao Palácio do Planalto.

1. Lava-Jato

Apesar dos ataques aos procuradores da Lava-Jato, a quem chamou de "quadrilha", Lula excluiu o Ministério Público das críticas e disse estar "muito tranquilo" em relação aos processos contra si que ainda devem voltar a tramitar na justiça do Distrito Federal, dos quais se diz inocente. No entanto, mostrou estar disposto a brigar pela suspeição de Sergio Moro na operação.

— Nunca teve envolvimento meu com a Petrobras, e todo o sofrimento que eu passei acabou. Estou muito tranquilo. O processo vai continuar. Já fui absolvido em todos os processos fora da Curitiba. Mas nós vamos continuar brigando para o Moro ser considerado suspeito, porque ele não tem o direito de se transformar no maior mentiroso da história do brasil e ser considerado herói por aqueles que queriam me culpar.

2. Pandemia

O ex-presidente marcou posição contra Jair Bolsonaro na questão da pandemia ao defender a vacinar e criticar os negacionistas do coronavírus. Diferentemente do presidente, que critica o uso de máscara e o distanciamento social e tem feito campanha contra as medidas restritivas dos governadores e prefeitos, além de desacreditar as vacinas, Lula fez campanha pelo imunizante.

— Semana que vem, se Deus quiser, eu vou tomar a minha vacina. Vou tomar a minha vacina. Não me importa de que país, não me importa se é duas ou uma só, sabe? Eu vou tomar minha vacina e quero fazer propaganda pro povo brasileiro: não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da república ou do ministro da saúde. Tome vacina.

3. Auxílio emergencial

Discursando na frente de um grande painel com as frases "vacina para todos e auxílio emergencial já" e "saúde, emprego e justiça para o Brasil", Lula defendeu o pagamento de R$ 600 do programa para a população que perdeu a renda durante a pandemia.

Entre recuos e apoios ao pagamento do auxílio, o governo federal deve pagar mais três parcelas do programa nos próximos meses, com um valor médio de R$ 250.

— Não há possibilidade de investimento se não houver demanda. Para ter demanda tem que ter emprego. Porque vocês acham que o PT está brigando por um salário emergencial de R$ 600? Não é porque a gente acha que o Estado tem que pagar R$ 600 a vida inteira. É porque o Estado só pode deixar de pagar quando o Estado estiver gerando emprego e as pessoas estiverem gerando renda às custas de seu trabalho, aí não precisa de salário emergencial. Mas enquanto o governo não cuida de emprego, não cuida de salário, não cuida de renda, você tem que ter o salário emergencial para que as pessoas não morram de fome.

4. Privatizações

O petista também se colocou contra as privatizações prometidas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, mas que ainda não foram entregues. Ele defendeu, principalmente, a atuação da Petrobras enquanto empresa estatal.

— Vocês nunca ouviram da minha boca falar em privatização. Quem é que acha que só a iniciativa privada é boa? Uma empresa pública como o Banco do Brasil, a Petrobras... bem dirigida como foi no nosso governo, se transformou na quarta empresa de energia do mundo.

Na coletiva, o ex-presidente voltou a comentar o assunto:

— Se o mercado quiser ver, às minhas custas a entrega da soberania nacional, vendendo o patrimônio nacional, não vote em mim. Tenha medo mesmo, porque nós não vamos privatizar.

5. Aceno ao centro

— Não tenham medo de mim. Eu sou radical porque quero ir à raiz dos problemas — disse Lula.

O discurso de Lula foi cheio de acenos à moderação. Além dos elogios à imprensa com a repercussão da decisão de Fachin que devolveu seus direitos políticos, ele mencionou com elogios a aliança entre PT e PL para a eleição de 2002, na qual o partido fez um movimento ao centro para conquistar o eleitorado fora da esquerda.

— Em 2002 eu tive como vice o companheiro José de Alencar. Ele era do PMDB. Como o PMDB não me apoiava, nós articulamos a entrada do Alencar no PL, e foi a primeira vez neste país que nós fizemos uma aliança entre o capital e o trabalho. O Zé Alencar era um grande empresário, e eu um modesto dirigente sindical, para governar este país. E, sinceramente, acho que foi o momento mais promissor da história democrática deste país.

Durante o discurso do petista, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM) respondeu ao aceno no Twitter. "Você não precisa gostar do Lula para entender a diferença dele para o Bolsonaro (...) Tenho grandes diferenças para o Lula, principalmente na economia, mas não precisa ser petista fanático para reconhecer a diferença entre o ex-presidente e o atual", escreveu Maia.

O tuíte foi lido ao vivo para Lula, que se disse "lisonjeado" e que "se for preciso conversar com Rodrigo Maia, eu converso".

— Se o Rodrigo Maia (...) quiser conversar, não tenha dúvida. Eu estou aberto a conversar com qualquer pessoa sobre democracia, sobre "vacina já", auxílio emergencial e emprego neste país. E se quiser dar um passo a mais e conversar sobre tirar o Bolsonaro, eu estou mais feliz ainda. (*) Créditos: Extraonline


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