Pensar que as doenças cardiovasculares acometem apenas pessoas de mais idade é puro engano. Dados do Ministério da Saúde revelam que episódios de infarto entre adultos com até 30 anos subiram em 13% nos últimos sete anos. No Dia Mundial do Coração, celebrado nesta terça-feira (29), a cardiologista do Hapvida em João Pessoa Thalyssa Lira, explica que as doenças do podem ser congênitas ou adquiridas e que adultos jovens com infarto do miocárdio, geralmente, apresentam múltiplos fatores de risco. A cardiologista Thalyssa Lira. Foto: Divulgação / Hpavida JP.
“Anormalidades congênitas não diagnosticadas na infância, podem se manifestar nos adultos jovens e nestes casos, não tem relação com hábitos não saudáveis. Contudo, nas últimas décadas as doenças cardiovasculares vêm aumentando nos jovens secundariamente às mudanças no perfil dos fatores de risco nessa população”, explica.
Entre os problemas cardíacos que mais acometem os jovens está o infarto do miocárdio. A cardiologista afirma que de acordo com o Framingham Heart Study a incidência de infarto do miocárdio em acompanhamento por um período de 10 anos foi de 12,9/1.000 homens de 30 a 34 anos e 5,2/1.000 em mulheres de 35 a 44 anos. Thalyssa explica ainda que os mecanismos do infarto em indivíduos jovens podem ser diferenciados em quatro grupos: doença coronariana aterosclerótica; doença coronariana não aterosclerótica; estado hipercoagulável; e infarto do miocárdio devido ao abuso de substâncias químicas.
“Os adultos jovens com infarto do miocárdio, geralmente, apresentam múltiplos fatores de risco para doença cardíaca coronária, como tabagismo, história familiar de doença arterial coronária prematura, anormalidades lipídicas, obesidade, hipertensão arterial e alterações no metabolismo da glicose. Outros fatores contribuintes são o uso de anticoncepcionais em mulheres (principalmente quando associado com tabagismo pesado) e o uso frequente de drogas ilícitas”, esclarece.
Diante das estatísticas que apontam para aumento do número de casos, a médica ressalta a necessidade de os jovens manterem-se atentos ao surgimento de sintomas que sugerem alterações cardiológicas, sendo eles dor ou desconforto torácico, tonturas, desmaios frequentes, palpitações, taquicardia, falta de ar e limitações para a atividade física. A especialista explica ainda que a doença cardíaca coronária pode se apresentar diferente na população juvenil e não desencadear episódios de angina, como é comum na população idosa, se apresentando rapidamente com infarto agudo do miocárdio.
A especialista afirma ainda que a incidência de doenças cardiovasculares em adultos jovens nas últimas décadas sugere uma carga crescente dessas doenças no futuro. À medida que esse segmento mais jovem da população envelhece, havendo necessidade, portanto, do controle dos fatores de risco modificáveis e detecção precoce, visando diminuir os impactos negativos que essas doenças acarretam na qualidade de vida de seus portadores.
Por isso, a médica reforça a necessidade de se conhecer o histórico familiar, buscar um estilo de vida equilibrada, se alimentar de forma saudável, praticar exercícios físicos, abandonar o tabagismo, e procurar acompanhamento médico, caso apresente sintomas sugestivos de alterações cardiovasculares. Thalyssa alerta ainda que o momento ideal para consultar um cardiologista pode variar de acordo com diversas situações.
“Deve-se procurar um especialista na presença de queixas cardiovasculares; Quando não houver o envolvimento dos fatores de risco é recomendado realizar a primeira avaliação, no caso dos homens após completarem 40 anos, e as mulheres, depois dos 45. Agora, se houver a presença de fatores de risco, a idade para o primeiro check-up cardíaco reduz para 30 e 40 anos, respectivamente”, orienta. (*) Ascom
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