“EIS O CASARÃO” – por Professor Vicente Barbosa


Em uma das edições no ano de 2012 da Revista Afinal, editada em Guarabira pelo amigo jornalista Nonato Nunes, escrevi um modesto artigo na coluna “Linha do Tempo”, alertando aos guarabirenses sobre o abandono e o descaso que há muito tempo vinha passando o singular Casarão da Praça João Pessoa – uma das poucas relíquias arquitetônica do patrimônio urbano ainda teimosamente de pé. No final do artigo afirmava que se o novo administrador [que iria ser eleito] quisesse teria tempo para recuperá-lo.

Não ando com procuração debaixo do braço para defender gratuitamente que quer que seja, defendo sim, a coerência de meus princípios, e minha visão de mundo. Porém, para se defender o óbvio, não se precisa procuração alguma, qualquer pessoa o faz, é cômodo fazê-lo. O óbvio a quem me refiro nesse particular diz respeito a restauração do Casarão da Praça João Pessoa que no passado pertenceu ao próspero comerciante José da Cunha Rêgo.

Alguém pode até discordar do Prefeito Zenóbio, quanto ao rumo da sua gestão, e até de seu ponto de vista político-ideológico, fato compreendido, pois “vivemos” num estado democrático de direito, onde se usa a prerrogativa do propalado princípio do contraditório. Porém, quando tratamos da reforma do casarão, qualquer cidadão possuidor de mediana inteligência e razoável bom senso, há de concordar que foi um extraordinário ganho para a cidade de Guarabira, do ponto de vista de sua revitalização urbana e da sua cultura.

Esse casarão simboliza um orgulho para todos os habitantes guarabirenses. Algo que nos toca, pois ele bem representa o passado vivo da nossa história. Utilizando-se do artificio da licença, porém podemos afirmar que suas janelas podem ser comparadas a vigilantes olhos que testemunham silenciosamente a inexorável passagem do tempo.

Quanto amores feitos e desfeitos, quantas imensas filas na bilheteria do Cine São Luiz, essas janelas viram? Quantos comícios, onde a palavra fácil de um José Américo, de um Argemiro, de um Osmar de Aquino – eram aplaudidos pelo povo presente essas janelas não testemunharam? As farras dionisíacas dos bares de Dona Dalva e de Adaílton, as retretas do antigo coreto, as serenatas nas madrugadas, as peças teatrais encenadas na praça. Tudo isso essas janelas presenciaram.

Hoje, como a Fênix, o casarão renasce das cinzas, alegre, belo, esplendoroso e imponente – revigorando com fôlego para viver outros séculos. Na condição de filho dessa terra, me sinto duplamente feliz, primeiro em vê o velho casarão de minha infância ganhar vida, segundo pela homenagem prestada a meu irmão José Barbosa, que empresta o seu nome ao casarão revitalizado. Justiça finalmente feita a quem tanto lutou com ardor em nome da liberdade, da educação e da cultura dessa sagrada terra.

Parabéns a todos os guarabirenses, que nesse sábado, dia 18 de junho de 2016 irão receber festivamente o novo casarão destinado agora a guardar símbolos vivos da nossa cultura – patrimônio imorredouro de um povo. Parafraseando o filósofo alemão Nietzsche, podemos afirmar com orgulho e altivez: “ECCE DOMUS” (EIS O CASARÃO!) 


- Professor e historiador, Vicente Barbosa

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