1
- Aspectos geográficos da Paraíba
₢ Divulgação. |
Paraíba,
estado da região nordeste do Brasil, ocupa uma área de 56.340,9 km²,
limitando-se ao norte com o Estado do Rio Grande do Norte, ao sul com o Estado
de Pernambuco, a oeste com o Estado do Ceará e a leste com o oceano Atlântico.
Possui 223 municípios e tem por capital, a cidade de João Pessoa.
A
Paraíba possui, entre seus extremos, a Ponta do Seixas, importante ponto
turístico da capital do Estado. Localizado na praia do Cabo Branco, a Ponta do
Seixas é o local que marca o ponto mais oriental das Américas.
2
- Antecedentes da conquista da Paraíba
Demorou
um certo tempo para que Portugal começasse a explorar economicamente o Brasil,
uma vez que os interesses lusitanos estavam voltados para o comércio de
especiarias nas Índias, e alem disso, não havia nenhuma riqueza na costa
brasileira que chamasse tanta atenção quanto o ouro, encontrado nas colônias
espanholas, minério este que tornara uma nação muito poderosa na época.
Devido
ao desinteresse lusitano, piratas e corsários começaram a extrair o pau-brasil,
madeira muito encontrada no Brasil-Colônia, e especial devido a extração de uma
tinta, usada para tingir tecidos na Europa.
Esses
invasores eram em sua maioria franceses, e logo que chegaram no Brasil fizeram
amizades com os índios, possibilitando entre eles uma relação comercial
conhecida como "escambo", na qual o trabalho indígena era trocado por
alguma manufatura sem valor.
Os
portugueses, preocupados com o aumento do comércio dos invasores da colônia,
passaram a enviar expedições para evitar o contrabando do pau-brasil, porém, ao
chegar no Brasil essas expedições eram sempre repelidas pelos franceses
apoiados pelos índios.
Com
o fracasso das expedições o rei de Portugal decidiu criar o sistema de
capitanias hereditárias. Com o objetivo de povoá-la, a colônia portuguesa foi
dividida em 15 grandes faixas de terras; tendo cada uma de 200 a 650
quilômetros de largura. Essas áreas, chamadas capitanias hereditárias, foram
entregues a doze pessoas, que deveriam tomar conta delas e fazê-las prosperar.
Cada capitania era entregue a um capitão-donatário (senhor das terras e
responsáveis por sua exploração), que deveria desenvolvê-la com seus próprios
recursos. Elas recebiam esse nome porque a posse passava, por herança, de pai
para filho.
As
terras que hoje formam a Paraíba pertenciam à Capitania de Itamaracá, cujas
terras iam desde a foz do rio Santa Cruz (hoje Igaraçu) em Pernambuco, até as
terras próximas ao rio Paraíba, que, nessa época, chamava-se São Domingos.
Nessas
terras viviam os índios de dois grupos: no litoral, o grupo dos tupis, formado
pelas tribos Tabajaras e Potiguaras. Mais para o interior, o grupo dos tapuias,
formado pela tribo dos índios cariris.
3
- A fundação da capitania real da Paraíba
Inicialmente
essa capitania foi doada a Pero Lopes de Souza, que não pode assumir, vindo em
seu lugar o administrador Francisco Braga, que devido a uma rivalidade com
Duarte Coelho, deixou a capitania em falência, dando lugar a João Gonçalves,
que realizou algumas benfeitorias na capitania como a fundação da Vila
Conceição e a construção de engenhos.
Após
a morte de João Gonçalves, a capitania entrou em declínio, ficando a mercê de
malfeitores e propiciando a continuidade do contrabando de madeira.
Com
a tragédia de Tracunhaém (tragédia na qual os índios mataram todos os moradores
de um engenho), em 1574, a Corte Portuguesa ficou alarmada com os
acontecimentos, o que levou o rei D.Sebastião a separar a Paraíba da Capitania
de Itamaracá, elevando-a à categoria de Capitania Real da Paraíba, passando
então a ser administrada diretamente pela Corte, que tirara para si todas as
vantagens.
O
Decreto Real criando a Capitania Real da Paraíba foi editado, possivelmente em
janeiro de 1574. Esta foi a terceira Capitania Real do Brasil, sendo a
primeira, a da Bahia e a segunda do Rio de janeiro. As terras da nova Capitania
tinha os seus limites desde a foz do rio Popoca até a Baía da Traição.
Depois
de expulsos do Rio de Janeiro, os franceses tentaram se estabelecer na Paraiba,
onde conseguiram aliar-se aos Tupis, que dominava a região e fixaram-se na Baía
da Traição, próxima a Mamanguape, onde o comércio era livre. Os franceses
comerciavam pau-brasil, algodão, óleos vegetais e animais nativos, que mandavam
para sua terra. Eles conseguiam conquistar os índios, em troca de ferramentas,
presentes e enfeites, levando-os a não reagirem às suas invasões e até a
ajudarem na derrubada de madeira.
Existia
uma grande preocupação dos lusitanos em conquistar a capitania que atualmente é
a Paraíba, pois havia a garantia do progresso da capitania de Pernambuco, o fim
da aliança entre Potiguaras e franceses, e ainda, havia um grande interesse em
estender sua colonização ao norte.
No
entanto, a Capitania Real da Paraíba nasceu de duas exigências:
·
compensação do insucesso da capitania de Itamaracá;
·
necessidade de apoio ao povoamento já instalado na Capitania de Pernambuco.
4
- Causas do retardamento da colonização da Paraíba
Entre
a criação da Capitania da Paraíba e sua efetiva conquista, decorrem mais de dez
anos. Os motivos desse retardamento são gerais e particulares. Gerais porque os
problemas do governo português são múltiplos, tanto na política como na
economia, afastando-o de um interesse concreto em povoar terras que não davam
mostras de possuírem os metais preciosos, uma das grandes ambições dos
governantes europeus da época. Particulares porque uma série de circunstâncias
ocorreu, ocasionando a demora da ocupação da Paraíba. Esses acontecimentos
foram: ação de apresadores de índios, presença de franceses na Baía da Traição,
massacre em Tracunhaém e traição aos Tabajaras.
a)Apresadores
de índios: eram aventureiros que procuravam no Nordeste a riqueza fácil e que a
partir de 1560 encontraram condições de ação na Capitania de Pernambuco.
Infiltrando-se entre aldeias indígenas pacíficas criaram sérios conflitos
através de violência que visava contrabandear os nativos a conduzi-los
escravizados em navios. Muitas amizades já consolidados entre colonos e índios
foram por isso dissolvidas e em toda a região as tribos se levantaram para a
guerra;
b)
Presença de franceses na Baía da Traição: provavelmente os franceses
freqüentavam os portos da Paraíba desde 1520, formando aliança com os índios
Potiguaras. Essa tribo, provando não ser belicosa por natureza, recebeu os
franceses em sua convivência mais íntima, permitindo a miscigenação sem
fronteiras, que unia os homens loiros de Franca às mulheres Potiguaras; com
eles o comércio de especiarias da terra foi franco, em troca de diferentes
objetos trazidos da Europa. As razões de tal amizade foram: em primeiro lugar,
os franceses procuravam homenagear os Potiguaras, naquilo que lhes era mais
caro, ou seja, sua valentia, o prestígio de seus guerreiros e sua liberdade. Os
potiguaras não sofriam dos franceses qualquer afronta: nem mentiras, nem
apresamento, nem quebra nos padrões culturais. Em segundo lugar, conquistada a
harmonia com o nativo, os franceses passavam a oferecer-lhes ensinamentos
úteis, informam sobre melhores métodos de agricultura, doam ferramentas e
incentivam a cultura do algodão. Quando surgiram, portanto, os primeiros
conquistadores da Paraíba tentando colonizá-la, franceses e potiguaras estavam
em bom entendimento para a defesa de seus interesses.
c)
Massacre de Tracunhaém: trata-se de um acontecimento histórico decisivo para a
criação da Capitania da Paraíba. O seguinte episódio, ocorreu no vale do rio
Tracunhaém, que pertencia a Itamaracá e hoje se localiza a pequena distância da
cidade pernambucana de goiana. Deu-se que, por ali, em 1574, transitaram dois
guerreiros potiguares, provenientes de Olinda, onde, por determinação do
governador geral Antônio Salema, recapturaram jovem indígena de quinze anos,
filha do cacique Iniguaçu, e que fora arrebatada por mameluco das aldeias da
serra da Copaoba. A beleza da índia, todavia, tanto fascinou o proprietário
Diogo Dias que decidiu ficar com a moça. O rapto irritou os indígenas que
insuflados pelos franceses, caíram sobre o engenho de Dias, no Tracunhaém,
massacrando seus habitante, a única exceção de um irmão de Diogo.
Simultaneamente, os demais centros de povoamento de Itamaracá foram atacados,
com os ocupantes refugiando-se na ilha. Diante do fato, o rei D. Sebastião,
para colonizar a região e por fim à fúria selvagem, fez com que Portugal ao
mesmo tempo tomasse posse da terra; criou, então, a Capitania Real da Paraíba
desmembrando-a da capitania de Itamaracá. Toda a ação de conquista que se
tentasse, porém compromissava-se com a guerra aos Potiguaras e com a expulsão
dos franceses.
d)Traição
aos tabajaras : aconteceu quando essa tribo situava-se na região do rio São
Francisco. Em 1573, Francisco Caldas, com mais de 200 homens, pretendendo
apresar Tapuias, chegaram até a tribo do chefe Piragibe, já com amizade firmada
com os colonos. Conseguindo reforço de índios, viajou para o interior, de onde
voltou semanas depois, trazendo carregamento de índios escravizados. Na verdade
Francisco Caldas pretendia também cativar Piragibe e toda sua gente. O chefe
Tabajara tomando conhecimento da intenção do aventureiro e depois de avisar a
Assento de Pássaro, outro chefe e parente, armou uma cilada fatal, de que
resultou o massacre de toda a expedição e soltura de escravos. Desde aí,
Piragibe junto com Assento de Pássaro, abandonaram sua morada e emigrou com sua
família e grande número de índios Tabajara, percorrendo o interior até chegar a
Paraíba. Em 1585, aliou-se aos potiguares, contra a conquista da Capitania Real
da Paraíba.
5
- As lutas pela conquista da Paraíba
Quando
foi criada a capitania real da Paraíba, o Brasil vivia o sistema de Governo
Geral. Na época, o governador geral era Luís de Brito e Almeida. Este recebeu
do rei de Portugal a ordem de punir os índios responsáveis pelo massacre,
expulsar os franceses e fundar uma cidade. Assim, começaram as cinco expedições
para a conquista da Paraíba. Para isso, o rei de D. Sebastião mandou
primeiramente o Ouvidor Geral D. Fernão da Silva.
a)
Primeira expedição (1574): O comandante desta expedição foi o Ouvidor Geral D.
Fernão da Silva. Ao chegar no Brasil, Fernão tomou posse das terras em nome do
rei sem que houvesse nenhuma resistência, mais isso foi apenas uma armadilha.
Sua tropa foi surpreendida por indígenas e teve que recuar para Pernambuco.
b)
Segunda expedição (1575): Quem comandou a segunda expedição foi Governador
Geral, D. Luís de Brito. Sua expedição foi prejudicada por ventos desfavoráveis
e eles nem chegaram sequer às terras paraibanas. Parte da frota foi devolvida
ao porto de origem, com o próprio Governador Geral, e outra conseguiu ancorar
em Pernambuco onde, depois de esperar algum tempo também retornou à Bahia.
c)
Terceira expedição (1579): Frutuoso Barbosa impôs a condição de que se
conquistasse a Paraíba, a governaria por dez anos. Essa idéia só lhe trouxe
prejuízos, uma vez que quando estava vindo à Paraíba, caiu sobre sua frota uma forte
tormenta e além de ter forte tormenta e além de ter que recuar até Portugal,
ele perdeu sua esposa.
d)
Quarta expedição (1582) : com a mesma proposta imposta por ele na expedição
anterior, Frutuoso Barbosa volta decidido a conquistar a Paraíba, mas cai na
armadilha dos índios e dos franceses. Barbosa desiste após perder um filho em
combate.
e)
Quinta expedição(1584) : esta teve a presença de flores Valdez, Felipe de Moura
e o insistente Frutuoso Barbosa, Que conseguiram finalmente expulsar os
franceses e conquistar a Paraíba.
6
- Definindo a conquista
Em
1584, as lutas pela Paraíba registraram a participação dos espanhóis a que,
indiretamente, passara a pertencer o Brasil, em razão da união das Coroas de
Portugal e Espanha, subordinados a um mesmo soberano - Felipe II da Espanha.
Esse acontecimento ocorrido em 1580, na Europa, explica a atuação nas
peripécias paraibanas de 1584, de dois espanhóis, o almirante Diogo Flores
Valdez e o alcaide Francisco Castejom.
Ao
primeiro coube chefiar a Armada que veio combater os franceses no mar e fechar
a desembocadura do rio Paraíba, batizado de São Domingos pelos Portugueses.
Castejom encarregou-se do comando de baluarte, erguido nas proximidades do
estuário do Rio da Guia, afluente da Paraíba. O fortim batizado de São Felipe e
São Tiago ensejou a denominação de Forte Velho para a localidade, hoje convertida
em centro de turismo.
Não
foi desta feita, todavia, que a resistência indígena resultaria dominada.
Edificada em local inadequado, a fortaleza viu-se cercada pelos Potiguaras que,
em campo aberto, destruíram bandeiras que se aventuraram pelo interior. Quando
as desavenças entre o capitão-mor Frutuoso Barbosa, português, e o alcaide
Castejom, espanhol, se acentuaram, a situação dos conquistadores tornou-se
insustentável. Castejom incendiou o forte e jogou a artilharia ao mar,
retirando-se para Olinda, onde foi preso pelo Ouvidor Martim Leitão.
Em
1585, coube a este último organizar expedição para a conquista, somente então
consumada. Devido à importância estratégica, a Paraíba fora criada como
Capitania Real, isto é, diretamente subordinada à coroa, o que propiciou o
emprego de recursos oficiais no empreendimento.
A
expedição chefiada militarmente por João Tavares, partiu de Olinda, com
aproximadamente mil homens, a cavalo e a pé. Entre os participantes das
jornadas encontrava-se militares, proprietários e sacerdotes, com índios
“domesticados” e escravos negros compondo a massa restante.
Quando
aqui chegaram se depararam com índios que sem defesa, fogem e são aprisionados.
Ao saber que eram índios Tabajaras, Martim Leitão manda saltá-los, afirmando que
sua luta era contra os Potiguaras.
Após
o incidente, Leitão procurou formar uma aliança com os Tabajaras, que por
temerem outra traição, a rejeitaram.
O
cacique Piragibe, à frente dos Tabajaras, tinha planos de cercar o forte e
invadir também as capitanias de Pernambuco e Itamaracá. Mas houve sérios
desentendimentos entre os Tabajaras e os Potiguaras, os quais levaram as duas
tribos a guerrearem entre si.
Martim
Leitão, sabendo desses fatos, preparou-se para tentar as pazes com o valente
cacique Piragibe, pois sabia da importância de tê-lo como aliado.
Para
essa missão de paz, o escolhido foi o capitão João Tavares, de espírito
conciliador. Finalmente, no dia 5 de agosto de 1585, celebraram um acordo, na
encosta de uma colina em frente ao rio Sanhauá, onde se construíram um forte de
madeira. Nesta data, foi firmada definitivamente a conquista da Paraíba.
A
conquista da Paraíba se deu no final de tudo através da união de um português e
um chefe indígena chamado Piragibe, palavra que significa Braço de peixe.
Em
virtude de ser o dia 5 de agosto dedicado a Nossa Senhora das Neves, a nova
cidade recebeu o nome de Nossa Senhora das Neves, passando a chamar-se Filipéia
de Nossa Senhora das Neves (29/outubro/1585) em homenagem ao Rei Felipe da
Espanha.
Depois
passou a chamar-se Frederikstadt (frederica) (26/dezembro/1634) por ocasião da
conquista pelos holandeses, em homenagem a Sua Alteza o Príncipe Orange,
Frederico Henrique. Em seguida, Parahyba (01/fevereiro/1654) no retorno ao
domínio português, recebendo a mesma denominação que teve a capitania, depois
província e por último Estado. Finalmente, João Pessoa (04/setembro/1930)
homenagem prestada ao presidente do Estado assassinado em recife e que havia
negado apoio ao Dr. Júlio Prestes, candidato oficial nas eleições de 1930.
Professor Josias
HistóriaDaParaiba.blogspot.com
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