Paraíba 430 anos: A Conquista e a Fundação

A conquista do território paraibano.

1 - Aspectos geográficos da Paraíba

₢ Divulgação.
Paraíba, estado da região nordeste do Brasil, ocupa uma área de 56.340,9 km², limitando-se ao norte com o Estado do Rio Grande do Norte, ao sul com o Estado de Pernambuco, a oeste com o Estado do Ceará e a leste com o oceano Atlântico. Possui 223 municípios e tem por capital, a cidade de João Pessoa.

A Paraíba possui, entre seus extremos, a Ponta do Seixas, importante ponto turístico da capital do Estado. Localizado na praia do Cabo Branco, a Ponta do Seixas é o local que marca o ponto mais oriental das Américas.

2 - Antecedentes da conquista da Paraíba

Demorou um certo tempo para que Portugal começasse a explorar economicamente o Brasil, uma vez que os interesses lusitanos estavam voltados para o comércio de especiarias nas Índias, e alem disso, não havia nenhuma riqueza na costa brasileira que chamasse tanta atenção quanto o ouro, encontrado nas colônias espanholas, minério este que tornara uma nação muito poderosa na época.

Devido ao desinteresse lusitano, piratas e corsários começaram a extrair o pau-brasil, madeira muito encontrada no Brasil-Colônia, e especial devido a extração de uma tinta, usada para tingir tecidos na Europa.

Esses invasores eram em sua maioria franceses, e logo que chegaram no Brasil fizeram amizades com os índios, possibilitando entre eles uma relação comercial conhecida como "escambo", na qual o trabalho indígena era trocado por alguma manufatura sem valor.

Os portugueses, preocupados com o aumento do comércio dos invasores da colônia, passaram a enviar expedições para evitar o contrabando do pau-brasil, porém, ao chegar no Brasil essas expedições eram sempre repelidas pelos franceses apoiados pelos índios.

Com o fracasso das expedições o rei de Portugal decidiu criar o sistema de capitanias hereditárias. Com o objetivo de povoá-la, a colônia portuguesa foi dividida em 15 grandes faixas de terras; tendo cada uma de 200 a 650 quilômetros de largura. Essas áreas, chamadas capitanias hereditárias, foram entregues a doze pessoas, que deveriam tomar conta delas e fazê-las prosperar. Cada capitania era entregue a um capitão-donatário (senhor das terras e responsáveis por sua exploração), que deveria desenvolvê-la com seus próprios recursos. Elas recebiam esse nome porque a posse passava, por herança, de pai para filho.

As terras que hoje formam a Paraíba pertenciam à Capitania de Itamaracá, cujas terras iam desde a foz do rio Santa Cruz (hoje Igaraçu) em Pernambuco, até as terras próximas ao rio Paraíba, que, nessa época, chamava-se São Domingos.

Nessas terras viviam os índios de dois grupos: no litoral, o grupo dos tupis, formado pelas tribos Tabajaras e Potiguaras. Mais para o interior, o grupo dos tapuias, formado pela tribo dos índios cariris.

3 - A fundação da capitania real da Paraíba

Inicialmente essa capitania foi doada a Pero Lopes de Souza, que não pode assumir, vindo em seu lugar o administrador Francisco Braga, que devido a uma rivalidade com Duarte Coelho, deixou a capitania em falência, dando lugar a João Gonçalves, que realizou algumas benfeitorias na capitania como a fundação da Vila Conceição e a construção de engenhos.

Após a morte de João Gonçalves, a capitania entrou em declínio, ficando a mercê de malfeitores e propiciando a continuidade do contrabando de madeira.

Com a tragédia de Tracunhaém (tragédia na qual os índios mataram todos os moradores de um engenho), em 1574, a Corte Portuguesa ficou alarmada com os acontecimentos, o que levou o rei D.Sebastião a separar a Paraíba da Capitania de Itamaracá, elevando-a à categoria de Capitania Real da Paraíba, passando então a ser administrada diretamente pela Corte, que tirara para si todas as vantagens.

O Decreto Real criando a Capitania Real da Paraíba foi editado, possivelmente em janeiro de 1574. Esta foi a terceira Capitania Real do Brasil, sendo a primeira, a da Bahia e a segunda do Rio de janeiro. As terras da nova Capitania tinha os seus limites desde a foz do rio Popoca até a Baía da Traição.

Depois de expulsos do Rio de Janeiro, os franceses tentaram se estabelecer na Paraiba, onde conseguiram aliar-se aos Tupis, que dominava a região e fixaram-se na Baía da Traição, próxima a Mamanguape, onde o comércio era livre. Os franceses comerciavam pau-brasil, algodão, óleos vegetais e animais nativos, que mandavam para sua terra. Eles conseguiam conquistar os índios, em troca de ferramentas, presentes e enfeites, levando-os a não reagirem às suas invasões e até a ajudarem na derrubada de madeira.

Existia uma grande preocupação dos lusitanos em conquistar a capitania que atualmente é a Paraíba, pois havia a garantia do progresso da capitania de Pernambuco, o fim da aliança entre Potiguaras e franceses, e ainda, havia um grande interesse em estender sua colonização ao norte.

No entanto, a Capitania Real da Paraíba nasceu de duas exigências:

· compensação do insucesso da capitania de Itamaracá;

· necessidade de apoio ao povoamento já instalado na Capitania de Pernambuco.

4 - Causas do retardamento da colonização da Paraíba

Entre a criação da Capitania da Paraíba e sua efetiva conquista, decorrem mais de dez anos. Os motivos desse retardamento são gerais e particulares. Gerais porque os problemas do governo português são múltiplos, tanto na política como na economia, afastando-o de um interesse concreto em povoar terras que não davam mostras de possuírem os metais preciosos, uma das grandes ambições dos governantes europeus da época. Particulares porque uma série de circunstâncias ocorreu, ocasionando a demora da ocupação da Paraíba. Esses acontecimentos foram: ação de apresadores de índios, presença de franceses na Baía da Traição, massacre em Tracunhaém e traição aos Tabajaras.

a)Apresadores de índios: eram aventureiros que procuravam no Nordeste a riqueza fácil e que a partir de 1560 encontraram condições de ação na Capitania de Pernambuco. Infiltrando-se entre aldeias indígenas pacíficas criaram sérios conflitos através de violência que visava contrabandear os nativos a conduzi-los escravizados em navios. Muitas amizades já consolidados entre colonos e índios foram por isso dissolvidas e em toda a região as tribos se levantaram para a guerra;

b) Presença de franceses na Baía da Traição: provavelmente os franceses freqüentavam os portos da Paraíba desde 1520, formando aliança com os índios Potiguaras. Essa tribo, provando não ser belicosa por natureza, recebeu os franceses em sua convivência mais íntima, permitindo a miscigenação sem fronteiras, que unia os homens loiros de Franca às mulheres Potiguaras; com eles o comércio de especiarias da terra foi franco, em troca de diferentes objetos trazidos da Europa. As razões de tal amizade foram: em primeiro lugar, os franceses procuravam homenagear os Potiguaras, naquilo que lhes era mais caro, ou seja, sua valentia, o prestígio de seus guerreiros e sua liberdade. Os potiguaras não sofriam dos franceses qualquer afronta: nem mentiras, nem apresamento, nem quebra nos padrões culturais. Em segundo lugar, conquistada a harmonia com o nativo, os franceses passavam a oferecer-lhes ensinamentos úteis, informam sobre melhores métodos de agricultura, doam ferramentas e incentivam a cultura do algodão. Quando surgiram, portanto, os primeiros conquistadores da Paraíba tentando colonizá-la, franceses e potiguaras estavam em bom entendimento para a defesa de seus interesses.

c) Massacre de Tracunhaém: trata-se de um acontecimento histórico decisivo para a criação da Capitania da Paraíba. O seguinte episódio, ocorreu no vale do rio Tracunhaém, que pertencia a Itamaracá e hoje se localiza a pequena distância da cidade pernambucana de goiana. Deu-se que, por ali, em 1574, transitaram dois guerreiros potiguares, provenientes de Olinda, onde, por determinação do governador geral Antônio Salema, recapturaram jovem indígena de quinze anos, filha do cacique Iniguaçu, e que fora arrebatada por mameluco das aldeias da serra da Copaoba. A beleza da índia, todavia, tanto fascinou o proprietário Diogo Dias que decidiu ficar com a moça. O rapto irritou os indígenas que insuflados pelos franceses, caíram sobre o engenho de Dias, no Tracunhaém, massacrando seus habitante, a única exceção de um irmão de Diogo. Simultaneamente, os demais centros de povoamento de Itamaracá foram atacados, com os ocupantes refugiando-se na ilha. Diante do fato, o rei D. Sebastião, para colonizar a região e por fim à fúria selvagem, fez com que Portugal ao mesmo tempo tomasse posse da terra; criou, então, a Capitania Real da Paraíba desmembrando-a da capitania de Itamaracá. Toda a ação de conquista que se tentasse, porém compromissava-se com a guerra aos Potiguaras e com a expulsão dos franceses.

d)Traição aos tabajaras : aconteceu quando essa tribo situava-se na região do rio São Francisco. Em 1573, Francisco Caldas, com mais de 200 homens, pretendendo apresar Tapuias, chegaram até a tribo do chefe Piragibe, já com amizade firmada com os colonos. Conseguindo reforço de índios, viajou para o interior, de onde voltou semanas depois, trazendo carregamento de índios escravizados. Na verdade Francisco Caldas pretendia também cativar Piragibe e toda sua gente. O chefe Tabajara tomando conhecimento da intenção do aventureiro e depois de avisar a Assento de Pássaro, outro chefe e parente, armou uma cilada fatal, de que resultou o massacre de toda a expedição e soltura de escravos. Desde aí, Piragibe junto com Assento de Pássaro, abandonaram sua morada e emigrou com sua família e grande número de índios Tabajara, percorrendo o interior até chegar a Paraíba. Em 1585, aliou-se aos potiguares, contra a conquista da Capitania Real da Paraíba.

5 - As lutas pela conquista da Paraíba

Quando foi criada a capitania real da Paraíba, o Brasil vivia o sistema de Governo Geral. Na época, o governador geral era Luís de Brito e Almeida. Este recebeu do rei de Portugal a ordem de punir os índios responsáveis pelo massacre, expulsar os franceses e fundar uma cidade. Assim, começaram as cinco expedições para a conquista da Paraíba. Para isso, o rei de D. Sebastião mandou primeiramente o Ouvidor Geral D. Fernão da Silva.

a) Primeira expedição (1574): O comandante desta expedição foi o Ouvidor Geral D. Fernão da Silva. Ao chegar no Brasil, Fernão tomou posse das terras em nome do rei sem que houvesse nenhuma resistência, mais isso foi apenas uma armadilha. Sua tropa foi surpreendida por indígenas e teve que recuar para Pernambuco.

b) Segunda expedição (1575): Quem comandou a segunda expedição foi Governador Geral, D. Luís de Brito. Sua expedição foi prejudicada por ventos desfavoráveis e eles nem chegaram sequer às terras paraibanas. Parte da frota foi devolvida ao porto de origem, com o próprio Governador Geral, e outra conseguiu ancorar em Pernambuco onde, depois de esperar algum tempo também retornou à Bahia.

c) Terceira expedição (1579): Frutuoso Barbosa impôs a condição de que se conquistasse a Paraíba, a governaria por dez anos. Essa idéia só lhe trouxe prejuízos, uma vez que quando estava vindo à Paraíba, caiu sobre sua frota uma forte tormenta e além de ter forte tormenta e além de ter que recuar até Portugal, ele perdeu sua esposa.

d) Quarta expedição (1582) : com a mesma proposta imposta por ele na expedição anterior, Frutuoso Barbosa volta decidido a conquistar a Paraíba, mas cai na armadilha dos índios e dos franceses. Barbosa desiste após perder um filho em combate.

e) Quinta expedição(1584) : esta teve a presença de flores Valdez, Felipe de Moura e o insistente Frutuoso Barbosa, Que conseguiram finalmente expulsar os franceses e conquistar a Paraíba.

6 - Definindo a conquista

Em 1584, as lutas pela Paraíba registraram a participação dos espanhóis a que, indiretamente, passara a pertencer o Brasil, em razão da união das Coroas de Portugal e Espanha, subordinados a um mesmo soberano - Felipe II da Espanha. Esse acontecimento ocorrido em 1580, na Europa, explica a atuação nas peripécias paraibanas de 1584, de dois espanhóis, o almirante Diogo Flores Valdez e o alcaide Francisco Castejom.

Ao primeiro coube chefiar a Armada que veio combater os franceses no mar e fechar a desembocadura do rio Paraíba, batizado de São Domingos pelos Portugueses. Castejom encarregou-se do comando de baluarte, erguido nas proximidades do estuário do Rio da Guia, afluente da Paraíba. O fortim batizado de São Felipe e São Tiago ensejou a denominação de Forte Velho para a localidade, hoje convertida em centro de turismo.

Não foi desta feita, todavia, que a resistência indígena resultaria dominada. Edificada em local inadequado, a fortaleza viu-se cercada pelos Potiguaras que, em campo aberto, destruíram bandeiras que se aventuraram pelo interior. Quando as desavenças entre o capitão-mor Frutuoso Barbosa, português, e o alcaide Castejom, espanhol, se acentuaram, a situação dos conquistadores tornou-se insustentável. Castejom incendiou o forte e jogou a artilharia ao mar, retirando-se para Olinda, onde foi preso pelo Ouvidor Martim Leitão.

Em 1585, coube a este último organizar expedição para a conquista, somente então consumada. Devido à importância estratégica, a Paraíba fora criada como Capitania Real, isto é, diretamente subordinada à coroa, o que propiciou o emprego de recursos oficiais no empreendimento.

A expedição chefiada militarmente por João Tavares, partiu de Olinda, com aproximadamente mil homens, a cavalo e a pé. Entre os participantes das jornadas encontrava-se militares, proprietários e sacerdotes, com índios “domesticados” e escravos negros compondo a massa restante.

Quando aqui chegaram se depararam com índios que sem defesa, fogem e são aprisionados. Ao saber que eram índios Tabajaras, Martim Leitão manda saltá-los, afirmando que sua luta era contra os Potiguaras.

Após o incidente, Leitão procurou formar uma aliança com os Tabajaras, que por temerem outra traição, a rejeitaram.

O cacique Piragibe, à frente dos Tabajaras, tinha planos de cercar o forte e invadir também as capitanias de Pernambuco e Itamaracá. Mas houve sérios desentendimentos entre os Tabajaras e os Potiguaras, os quais levaram as duas tribos a guerrearem entre si.

Martim Leitão, sabendo desses fatos, preparou-se para tentar as pazes com o valente cacique Piragibe, pois sabia da importância de tê-lo como aliado.

Para essa missão de paz, o escolhido foi o capitão João Tavares, de espírito conciliador. Finalmente, no dia 5 de agosto de 1585, celebraram um acordo, na encosta de uma colina em frente ao rio Sanhauá, onde se construíram um forte de madeira. Nesta data, foi firmada definitivamente a conquista da Paraíba.

A conquista da Paraíba se deu no final de tudo através da união de um português e um chefe indígena chamado Piragibe, palavra que significa Braço de peixe.

Em virtude de ser o dia 5 de agosto dedicado a Nossa Senhora das Neves, a nova cidade recebeu o nome de Nossa Senhora das Neves, passando a chamar-se Filipéia de Nossa Senhora das Neves (29/outubro/1585) em homenagem ao Rei Felipe da Espanha.

Depois passou a chamar-se Frederikstadt (frederica) (26/dezembro/1634) por ocasião da conquista pelos holandeses, em homenagem a Sua Alteza o Príncipe Orange, Frederico Henrique. Em seguida, Parahyba (01/fevereiro/1654) no retorno ao domínio português, recebendo a mesma denominação que teve a capitania, depois província e por último Estado. Finalmente, João Pessoa (04/setembro/1930) homenagem prestada ao presidente do Estado assassinado em recife e que havia negado apoio ao Dr. Júlio Prestes, candidato oficial nas eleições de 1930.

Professor Josias
HistóriaDaParaiba.blogspot.com
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